29 dezembro 2006

30 semanas e um ano em grande!

"Já só faltam 10 semanas!", dizia eu ontem. "Ainda falta um quarto da gravidez...", respondeu-me o L. Ora bolas! Mas depois desta grande caminhada já parece tão pouco...
Respondendo ao desafio da Filipa, aqui vos deixo alguns presentes para o meu bebé de que mais gostei. Houve muitos outros, todos lindos e muito úteis, mas resolvi escolher este conjuntinho (que a minha tia fashion trouxe de NY), o blusão de esquimó (escolhido por mim) e o burrinho, que espero que venha a ser um bom amigo.



Fazendo um breve balanço de 2006, acho que posso dizer que este foi o ano mais preenchido da minha vida! Depois de uns primeiros tempos mais tranquilos, em que nos dedicámos às obras da casa - e que trabalheira que foi! - e de uma viagem inesquecível a Cuba, que me marcou muito mais pela realidade e as pessoas com que contactei do que apenas pelas praias maravilhosas e pelos mojitos (que saudades...), desde Junho que tudo começou a surgir em catadupa: engravidei, fui viver com o L., acabei o mestrado, fiquei noiva, uma emoção constante! Devo reconhecer que, no princípio, senti-me um pouco perdida com tanta mudança. Estava habituada a sentir tudo sob controlo - provavelmente, uma sensação demasiado ingénua - e, de repente, nem sobre o meu próprio corpo tenho algum poder! Aqui presto tributo à minha família que, mesmo um pouco mais à distância (ok, a 5 minutos de automóvel), continuou a ser um grande alicerce, e ao meu querido L., cuja infinita paciência e dedicação permitiu que nos fossemos habituando, passinho a passinho, a esta nova fase da vida.
Desejo-vos um óptimo 2007, cheio de coisas boas e da realização dos vossos desejos, e deixo-vos com o retrato do maior presente que espero para mim (mas só em Março!), às 30 semanas.

27 dezembro 2006

back to work

O Natal foi óptimo mas sinto-me uma sobrevivente às comemorações deste ano. Com a valente constipação (que felizmente já está melhor) e a enchente de família a juntar à minha Senhora Barriga que já não aguenta tanto rodopio, fiquei a precisar de umas férias. Mas o melhor foi estar com tantos priminhos e receber coisas lindas para o meu filhote... que, entretanto, já tem um nome! Infelizmente, não posso ainda revelá-lo porque o L. quer evitar que haja gente a opinar sobre a escolha antes do gralhinho nascer. Olhem, paciência, é esperar pouco mais de 2 mesitos!
Continuação de boas festas para todos!

22 dezembro 2006

espirro(s) de Natal: encontrado

Queria deixar aqui um post de boas festas todo bonitinho e animado - para além de ir desejar pessoalmente um óptimo Natal a todos os meus queridos leitores - mas estou com uma enorme constipação e só vim cá despachar umas coisas mais urgentes do trabalho e volto já para o ninho.
Fiquem pois com os meus singelos votos de feliz Natal e que possam passá-lo com as pessoas mais importantes para cada um de vós.

Beijinhos da gralha e família :)

21 dezembro 2006

espírito de Natal: precisa-se

Gostava de poder culpar as hormonas mas, lá por estar grávida, não posso andar sempre a servir-me desta desculpa. Estou com um humor de cão. Não de um cão como o R., que está sempre absurdamente bem disposto, mas de um cão como o M., quando não lhe damos aquele restinho de bife por que ele esperou pacientemente durante a nossa refeição - sim, sou uma dona muito má, não dou restos aos cães.
Por que é que, às vezes, o que parece negro e difícil se torna infernal e impossível? Muito porque, nessas circunstâncias, eu, dramática e palavrosa como a mais platinada das actrizes venezuelanas, pioro tudo com o que digo. Se alguém está mal, concerteza com consigo fazê-lo sentir pior. Se tenho uma pedra no sapato, todos estão a colocar-me rochedos no caminho. Se me dói a garganta, o fim do mundo aproxima-se. Está bem que um pouco de intensidade dá tempero à vida mas, às vezes, gostava de ser mais... suave. Já para não dizer sensível.
Lamento muito por todas as vezes que usei o meu maravilhoso toque de Midas ao contrário - aquilo em que toquei, estraguei. Espero que o espírito do Natal me possa amaciar um pouco, pelo menos nesta época. De preferência, daqui para a frente, que o meu filho merece uma mãe melhorzita.

20 dezembro 2006

sou um camião

Já só faço as subidas em primeira.

Se todos temos direito a posts naïf, também temos direito a posts brutos como as casas.

18 dezembro 2006

cursos de vestuário

O meu nubente (que palavra tão catita, não é?), um rapaz muito inteligente, que fala de surfatrões e coisas assim, tem uma dificuldade: nunca aprendeu o vocabulário sobre roupa. Até deve tê-lo aprendido nas aulas de Inglês e Francês, mas não na própria língua materna. Vai daí, não sabe distinguir um babygrow de um pijama de bebé - até aqui acho normal, já que ainda não tem nenhum bebé para vestir - uma parte de baixo de um bikini de uns calções, uma blusa de uma camisola, uma écharpe de um cachecol. Ora, já que há cursos para tudo e mais alguma coisa, alguém conhece um curso especial para homens, que os familiarize com estas trivialidades do dia-a-dia?

15 dezembro 2006

limpezas de Advento

Ontem, na catequese, falava às minhas miúdas de como esta é uma óptima altura para fazer arrumações dentro de nós, deitar fora muita tralha que não serve para nada e arranjar espaço para coisas mais importantes, como a paciência, a boa vontade, o amor ao próximo mesmo quando esse próximo nos parece a última pessoa que nos apetece amar. Dizia isto e via na cara delas tantos obstáculos a esta "limpeza de Advento" (como deviam também ver-se na minha). Via as colegas que implicam com elas na escola porque elas não têm os ténis da moda. Via os pais que não podem, por alguma razão, acolhê-las em casa - e com quem, mesmo assim, elas esperam passar o Natal. Via desilusões atrás de desilusões, mas também uma resteazinha de esperança.
Isto de ser cristão é muitas vezes uma tarefa hercúlea. A Fé, como todas as relações amorosas, dá trabalho. Ninguém nos pede que sejamos perfeitos mas que tenhamos a coragem de enfrentar os nossos limites e procurar ser um pouco melhor. Porque somos chamados a alguma coisa muito maior do que o quotidiano mesquinho, revestido de um falso sentimento de superioridade, com que facilmente nos contentamos.

Este ano, a limpeza não me está a ser particularmente fácil. Mas nem tudo são coisas inúteis que me preenchem. Este Advento, estou cheiinha com o meu filhote, cada vez mais crescido e mexido (os pontapés nas costelas já doem!), e isso faz toda a diferença.

12 dezembro 2006

viva o capitalismo

Hoje trago-vos mais um pequeno episódio do meu dia-a-dia. Não vos preocupeis que este blogue não vai descaír para a política. O cenário: hora de almoço, numa tesouraria de Segurança Social do centro de Lisboa. Depois de esperar uns 20 minutos que as duas pessoas que estavam à minha frente fossem atendidas (esqueçam lá isso da prioridade a grávidas e etc., definida pelo decreto-Lei não sei quê, afixado numa bonita placa sobre o balcão), o funcionário rosnou para eu me aproximar.
- Bom dia. Eu precisava da cópia de dois recibos de pagamento para enviar à minha entidade patronal porque os que tenho, de pagamento no Multibanco, foram considerados ilegíveis.
(Quanta ingenuidade a minha, achar que isto se tratava de um pedido simples...)
- Ah, não. (claro que não, óbvio!) Para isso tem de se dirigir ao Serviço Especial de Complicações Absurdas (SECA), que fica no Areeiro (para quem não conhece, posso testemunhar que é o serviço que pior funciona com que já contactei em toda a minha vida largamente burocratizada).

E pronto, lá se perdeu uma horita de almoço. Ou talvez não... Decidi vingar-me gastronomicamente e dirigi-me a uma das amorosas capelinhas da fast food, o sempre fiável McDonalds (sim, eu sei, que horror! Uma grávida a comer estas porcarias. Já disse aqui como estou farta dos farelos, não disse?) Esperava eu tranquilamente na fila quando veio ter comigo a gerente e convidou-me a sair da fila. Será que entornei algum tabuleiro com a barriga sem reparar e vou ser posta na rua? Não. Fui encaminhada, com o maior dos cuidados, até a uma mesa, onde fiz o meu pedido, aguardei que me trouxessem o tabuleiro (por momentos, temi que me fossem trazer talheres ou coisa que o valha) e paguei. No final, a amável gerente ainda veio perguntar se desejava mais alguma coisa.

Meus meninos, enquanto o Estatismo não aprender a servir os utentes, contem comigo para cliente fiel do Capitalismo. É que é tão mais agradável.

11 dezembro 2006

é mesmo segunda-feira

Depois do lindo dia de ontem e da alegria muito pouco cristã com a notícia da morte do Pinochet (Pai Natal, já agora não queres pegar noutro ditador fora de prazo lá do mar das Caraíbas e levá-lo no teu trenó para o Pólo Norte?), esta semana começa com um mau humor incontornável. 5 dias de trabalho: inadmissível. O meu L. está outra vez do outro lado do Atlântico: tenho saudades e os pés muito frios. Descobrir como se trabalha (e trabalhar) com dois programas de software em que nunca tinha posto a vista em cima: dôr de cabeça ao fim do dia, pela certa. Pelo menos ninguém me roubou o lugar de estacionamento.

Bem... Boa semana para todos (tentativa muito esforçada de esboçar um sorriso)

07 dezembro 2006

como criar problemas de consciência numa c@b&@

1. Levar o carro para o trabalho num dia de chuva;
2. Andar às voltas, às voltas, sem encontrar um lugar, até decidir encostar numa descida às espera que alguém saia;
3. Ao surgir alguém para tirar um carro, e surgir um terceiro carro que rapidamente se encosta ao que está de saída, não desesperar (ok, podem murmurar algumas asneiras);
4. Aguardar a confirmação de que a dita cab&@ vai roubar o lugar à descarada;
5. Quando esta estacionar, encostar o carro ao dela, ligar os quatro piscas, desapertar o blusão para se ver mesmo bem a barriga, e dirigirmo-nos até à porta da condutora;
6. Bater no vidro ao de leve, com um grande sorriso de Boas Festas;
7. Quando esta abre o vidro, dizer com amabilidade: muito obrigada por me ter tirado o lugar. Acha bem o que fez? Ainda por cima a uma grávida?
8. Quando esta riposta que não podia adivinhar que eu estava grávida, responder que sabia pelo menos que eu cheguei ali primeiro. Terminar com votos de um Feliz Natal (foi pena, mas esqueci-me de acrescentar o "Próspero Ano Novo", que fica sempre bem).

(e ir estacionar a um quilómetro de distância, chegando meia hora atrasada depois de caminhar debaixo de chuva porque o fantástico chapéu-de-chuva fluorescente se partiu)

Jingle bells, jingle bells, jingle all the way!

06 dezembro 2006

manias e isso

Desafiada pelo caro Matvey, passo a confessar 5 das minhas manias. Na verdade, acho que são as minhas 5 manias, ponto final, porque já precisei de um dia inteiro a puxar pela cabeça para me lembrar destas. Aqui vão:

1. Relógios grandes. É uma mania? É moda? Não sei, só sei que não consigo usar daqueles relógios fininhos, próprios para se acomodarem nos refegozinhos dos pulsos. Para mim, só grandes "cebolas", de preferência modelo de homem.

2. Nao uso roupa preta. É uma cor muito prática e que põe a gente magríssima e fantástica mas não tem mesmo nada a ver com a minha personalidade (nem com o meu tom de pele, na minha opinião).

3. Adormecer a ver TV. Para algum desespero do L., foi um vício que adquiri quando ainda dormia sozinha e agora custa-me mesmo adormecer sem qualquer coisa a passar no ecrã (de preferência, programas tipo BBC Vida Selvagem com animais marinhos). A desvantagem é que adormeço com demasiada facilidade e a qualquer hora a ver televisão (ou no cinema).

4. Falar com diminutivos. Já se devem ter apercebido da minha maniazinha de escrever coisinhas sempre muito pequenininhas. Mais do que um recurso estilístico, é uma herança de família - a minha avó, como boa minhota, não sabe dizer uma frase com menos de 3 ou 4 "inhos".

5. Opinar sobre tudo. Ou não fosse eu uma gralha, não é? Eu sei que pode ser um bocado chatinho (ups, lá veio o "inho" outra vez) mas o meu pai também fez sempre o mesmo. Na verdade, acho que só descobri que ele não é uma enciclopédia, dono de todo o saber do universo, lá para os 16 anos (e eu vou fazer o mesmo ao gralhinho, eheh). Se as pessoas me perguntam alguma coisa, tenho de responder, certo?

E agora, uma coisa que não tem nada a ver: adivinhem lá quem é que já tem os 6 primeiros episódios da terceira série dos Perdidos (e já viu o primeiro)? Me me me! :D Muito obrigada ao L. e à sua pandilha high-tech internacional. E, sim, foram obtidos por via legal.

04 dezembro 2006

actualização dos 6 meses de gravidez

E aos 6 meses...
- Segundo "os livros", já cumpri os dois primeiros trimestres mas só entro no terceiro daqui a quase duas semanas (estou numa espécie de limbo, portanto. Acho que isto devia dar direito a férias)
- A minha barriga continua cada vez mais enorme e redondinha. Mas não pesa muito nem incomoda, felizmente!
- Os enjôos nocturnos foram-se de vez. E com isso voltou o gosto pelos doces... Que é incentivado pelo gralhinho, que adora chocolate (então se for preto, melhor ainda).
- Também como consequência do fim dos enjôos, já não sinto tanta fome (isto pode parecer estranho para algumas pessoas, mas quanto mais enjoava, mais precisava de comer). Tenho conseguido controlar melhorzito o aumento de peso.
- Continuo a dormir que é uma maravilha! São raras as noites em que me levanto (só quando bebi muito chá antes de adormecer) e acordo leve e repousada - claro que isso só acontece porque me deito cedo e só acordo às 8h15.
- Ainda não tenho inchaços nem dores de costas e todas essas coisinhas maravilhosas que me devem esperar daqui para a frente.
- Deixei praticamente de sentir contracções desde que deixei de fazer esforços. Ainda não me consegui habituar a fazer as coisas tão devagarinho mas o que tem de ser tem muita força.
- Continuo com um bocadinho de anemia. Sinto-o no cansaço ao subir escadas mas de resto, mais nada. Já estou farta de tanta carne e beterraba (já para não falar nos medicamentos), vamos lá a ver se, para a próxima, a médica me arranja um super-suplemento, tipo roer barras de ferro.
- O passaroco continua a mexer-se q.b. (mais nuns dias do que noutros) mas não é bebé de dar muitos pontapés, é mais de dançar na minha barriga. Tão pequenino e já tão meiguinho para a mãe ;)
- Continua sem ter nome, o pobrezinho... Em compensação, já deve ter uma crise de identidade porque toda a gente o trata por alguma coisa diferente. Vou escrever por ele uma carta ao Pai Natal: "Querido Pai Natal, este ano gostava de receber um nome." (é para ser diferente das minhas cartas, em que levei uns 20 anos a pedir um cão)
- Hoje começamos as aulas de preparação de parto. Espero que valha a pena e que não seja uma grande fantochada. A última coisa que me apetece é lidar com uma montanha de mulheres com as hormonas em polvorosa e ser tratada com aquele paternalismozinho só porque - cutchi, cutchi - vou ter um bebé e isso é tããão fofinho!
- Estou a ler um livro sobre bebés que vale realmente a pena, da Tracy Hogg. Em teoria, aquilo está a soar-me muito bem, vamos lá a ver depois a prática.
- Já compramos a mobília básica e algumas (poucas) roupinhas mas não nos vamos alargar para já porque estou à espera de receber muita coisa no Natal.

E pronto, acho que é tudo. Boa semana!

30 novembro 2006

causas

Para que não me acusem de sectarismos, hoje levanto a questão da discriminação sexual dos dois lados da "barricada":

O que é isto de um anúncio em que um marido/pai é abandonado porque não instala a TVCabo? Já nem estou a falar do ridículo e caprichoso que é fazer esse tipo de exigência mas porquê exigi-lo ao pai? A mãezinha por acaso não pode trabalhar? Não será ela o principal sustento do agregado familiar? O que é isto de ainda descarregarmos sobre os ombros masculinos a responsabilidade pelas questões financeiras. Meninas que precisam que os namorados/pais/maridos preencham a declaração de IRS: ponham o braço no ar.

E outra coisa com consequências bem mais graves - a violência sobre as mulheres. Sim, os homens também são vítimas de violência doméstica mas comparem as estatísticas. Por que é que tanta gente continua a ficar calada? Mais do que devido aos factores socioeconómicos, que pesam (e muito!), acho que eles sabem escolher as vítimas. Mamãs e papás deste país: por favor criem filhas que acreditem nelas próprias. Que estudem, invistam nelas e não deixem que ninguém lhes toque da maneira errada. Que ninguém lhes tente tirar a dignidade. Sobre isto, a Aministia Internacional tem uma campanha a decorrer. Deixo-vos este vídeo.

Já agora, bom fim-de-semana e aproveitem o este sol maravilhoso.

29 novembro 2006

100

Ainda falta tanto! Sou, de certeza, a grávida mais impaciente de todos os tempos. O que vale é que vêm para aí o Natal e o casamento para me entreter. Se ao menos começassem logo a nova série dos Perdidos...

28 novembro 2006

constatação gravidofútil

A barriga deste tamanho faz o meu rabiosque parecer muito mais pequenino.

27 novembro 2006

beicinho

Este fim-de-semana valeu por três. Deu para passear com os cães, estar com as famílias, os amiguinhos (gosto tanto dos meus amiguinhos!), caminhar junto ao rio, comer castanhas, ir ao cinema, comer pastéis de Belém, uma alegria! É claro que o facto de o tempo não ter estado tão mau como se previa e as tarefas domésticas estarem reduzidas a metade também ajudou.
Quanto ao cinema, fomos ver o novo 007. Ora aqui, caso eu não estivesse noiva,

cristal. Vou casar-me na "sala cristal". Desculpem mas ainda não me habituei à ideia.

e caso não soubesse que os cuscos dos meus amiguinhos (gosto tanto dos meus amiguinhos!) já descobriram quase todos o blogue, eu poderia falar de belas coxas (não, não são as das Bond Girls), do beicinho mais guloso do cinema desde que o Paul Newman se dedicou à indústria da doçaria, ou de uma certa saída das ondas em tanguinha justa, que obriga qualquer moça a reformular o velho paradigma acerca da proibição do uso de tanga na praia pelos verdadeiros machos. Não, neste caso, vou dizer apenas que o filme tem um enredo bem arrumado, que os cenários continuam a valer a pena e que as cenas de acção não desiludem quem paga bilhete para ver isso. Vão ver. Ah, diz que as actrizes também não são desagradáveis à vista.

24 novembro 2006

dondoca

Não sei se já repararam no dia tão agradável que está hoje? Com esta ventania toda a bater na janela, fiquei tão bem disposta que resolvi ir fazer análises (por falar nisso, sou só eu que gostava de levar vacinas quando era pequena porque dava direito a uma carteirinha de cromos? E arrancar dentes, então? Ganhava uma caderneta novinha! Espero que os meus filhos sejam assim fáceis de subornar).
Bem, o que interessa é que a minha vida se tornou agora muito mais fácil. A minha querida Mamã resolveu ceder-nos, duas vezes por semana, os serviços da senhora que faz as limpezas lá em casa, a nossa querida G. Ou seja, finalmente vou andar com a roupa passada decentemente e a casa bastante mais limpa sem que tenha de me cansar tanto. Os cães também ficaram delirantes com a mudança: mais uma pessoa a quem pedir mimo e brincadeira quando chega lá a casa. Mais alguém para eles seguirem para todo o lado, para lhe atrapalharem o trabalho e para fazerem tropeçar. Pobre G. Obrigada Mãe!

23 novembro 2006

paranóias e pesadelos

Nunca tenho (tinha) pesadelos. Desde há uns tempos para cá, não há semana em que não seja brindada com pelo menos um, bem ilustrado e detalhado. O denominador comum sou eu a fugir de um "mau" que me quer matar, geralmente com um instrumento cortante. E apanha-me. E esfaqueia-me! Normalmente são homens com grandes cutelos. Esta noite foi um tigre com garras afiadas (não estão bem a ver: não estava preocupada com as dentuças, era mesmo com as garras), que me perseguia para todo o lado em que eu me escondesse. Note to self: parar de ver a Hora Discovery e mudar antes para a Floribela, que me faz melhor.
O L. acha que é por eu me sentir mais vulnerável nesta altura, por achar que tenho de proteger algo (alguém) que depende totalmente de mim. Eu acho que sim, e também que vou começar a dormir com o rolo da massa debaixo da almofada. Alguém que faça o favor de meter uma cunha com o João Pestana para ele me mandar umas nuvens cor-de-rosa, uns nenúfares, umas ovelhinhas felpudas, sei lá!

22 novembro 2006

do trabalho e do descanso

Estou bastante satisfeita com o trabalho que faço. O ambiente, sobretudo, é óptimo e tenho oportunidade de fazer muitas coisas diferentes. Sei que não tenho absolutamente nenhumas perspectivas de carreira aqui - como muita gente da minha idade, estou "a prazo" - mas isso não me incomoda, pelo menos para já. Sei que, se tiver de ir trabalhar para uma caixa de supermercado para pagar as contas e alimentar o gralhinho, lá vou eu. E aí é que está a questão: quase sinto vergonha de dizer isto nos dias de hoje mas nunca, nunquinha, sonhei em ter uma "carreira". No 11º ano tivemos de escrever uma composição sobre o que gostaríamos de fazer quando fossemos grandes (sim, leram bem, no 11ºano. Aquela professora tinha muito sentido de humor) e eu gralhei e gralhei acerca de como gostaria de ser dona de casa - o que também foi uma provocaçãozinha, já que era boa aluna.
Mas qual é o mal de uma pessoa querer profissionalizar-se como cuidadora da família? Irrita-me esta hipocrisia da sociedade de agora que obriga qualquer um a querer ser doutor/ engenheiro/ advogado - acrescentando às mulheres as exigências de serem giras, bem vestidas, terem o cabelo arranjado, irem ao ginásio e terem 1 ou 2 filhos, mas só depois dos 30!
Aqui manifesto o meu direito à maternidade plena, a ver crescer os meus filhos, os meus animais, as minhas plantas. E ainda a ler os livros todos que me apetecer, pelo menos os essenciais, a dedicar-me a projectos de voluntariado de corpo e alma, a dormir a sesta todos os dias, a escrever, a visitar museus, a tocar guitarra até os vizinhos me mandarem calar (sim, e a fazer as tarefas domésticas, mas isso já eu faço).
É por isto que eu não jogo no Euromilhões: se ganhasse, ajudava muita gente mas depois tinha de confessar que ia mesmo deixar o emprego, em prol de quem precisasse mesmo dele e o desejasse. E isso é uma coisa que ninguém pode admitir nos dias que correm.

20 novembro 2006

gulosa

Sábado à noite: festa de aniversário do meu primo M. Estas festas são sempre históricas pela quantidade de iguarias que a minha tia prepara. E então eu disse: basta! Basta de farelos de trigo, de iogurtes naturais, de kiwis e peras, de sopas e legumes, de bifes (demasiado) bem passados! Basta de beterraba!















E atirei-me à mousse de manga, ao bolo de chocolate com nozes, às farófias, ao cheesecake de frutos silvestres, ao bolo de bolacha e café. À mousse de manga, mais uma vez. Um dia não são dias e o pirolito ficou aos saltos na barriga - não sei se de alegria, se do excesso de açúcar.

17 novembro 2006

a prole

Se é raro colocar aqui fotografias, não é por preguiça nem para evitar maçar os amáveis visitantes do blogue (apesar de ambas as razões também serem um bocadinho verdade) mas porque a minha máquina está avariada há não sei quantos meses. Porém, finalmente consegui convencer o L. a fazer uso da dele para registarmos estes primeiros tempos na nossa casa e a minha gravidez. Aqui vos apresento então a nossa ninhada:

Os cães (M. e R.)














E o gralhinho! (às 23 semanas e 2 dias)















Bom fim-de-semana a todos!

16 novembro 2006

o casório

Já está marcado. Não sabíamos que agora se pode marcar casamento civil até para o próprio dia, desde que se tenha os documentos (certidões de nascimento), senão já o tinhamos feito mais cedo. Não interessa, assim entramos em 2007 - mais concretamente no dia 5 de Janeiro, às 11 da manhã - e em mais uma etapa da vida.
Apesar de sempre ter dado importância ao casamento - aos votos e não à festa (ainda bem, porque enquanto não fizermos o casamento misto não vai haver festa, mas já lá vou) - isto agora só me está a dar uma grande vontade de rir. É que o cliché é flagrante! Lá vou eu entrar, gravidíssima (31 semanas), ainda não sei vestida do quê porque, nessa altura já só me deve servir a cortina do duche (felizmente é gira), aonde, aonde? Na sala CRISTAAAAL! (as outras opções eram as salas "rubi", "topázio" e "luar", venha o diabo e escolha) Querem alguma coisa mais kitsch do que isto? Será que devo ir de sapatinho de cristal para condizer? Vai ser muito difícil conter a risota quando me perguntarem se aceito para esposo o L. G. (ele tem um nome impronunciável, que já deu origem a diferentes versões muito divertidas consoante a pessoa que o tenta dizer). Caramba, não quero retirar a solenidade do momento mas que vai ser muito cómico, vai.
Só é pena não podermos fazer uma viagenzita decente de seguida, já que a médica não me deixa andar de avião depois das 28 semanas. De modo que daremos umas voltitas pelo nosso lindo país (aceito sugestões de pousadas/ hoteis rurais/ turismo de charme em zonas bonitas!) e guardamo-nos para a lua-de-mel a sério daqui a uns tempos, quando eu for fazer votos religiosos e o L. for lá fazer... companhia. Felizmente já existe esta possibilidade senão esta católica praticante e este agnóstico aguerrido iam ter mais uma dor de cabeça.

14 novembro 2006

babynews

Às 23 semanas e meia, lá fomos à consulta de saúde materna. Desta vez trouxe um belo cabaz da farmácia, à custa da reduzida hemoglobina e das contracçõezitas que tenho sentido por vezes. Isto também significa que o pobre L. vai ter de passar a fazer sozinho todas as tarefas pesadas lá em casa e que tenho mesmo que take it easy, senão o perdigoto ainda resolve fazer-nos uma visita (muito) antecipada. De resto, e como eu suspeitava, apesar de ele ter um tamanho dentro da média e de eu estar a ganhar peso normalmente, temos aqui um rapaz que precisa do seu espaço e do seu conforto. Ou seja, como sou estreitinha de cintura, ele resolveu esticar-se para cima e para a frente, tendo já construído um belo apartamento com 3 andares no meu útero, que está com a altura equivalente a 28 semanas (ainda hoje me perguntaram se estava quase...). Filhote, estica-te lá o que precisares. Não há problema nenhum se já me andas a dar chutinhos nas costelas e se parece que tenho um balão cheio de hélio na barriga, ameaçando fazer-me levantar voo a qualquer momento. Vê lá é se continuas no quentinho o tempo que falta, que nós não temos pressa.

13 novembro 2006

o que ficará por fazer

Aconteça o que acontecer, viva eu mais 6 horas ou mais 60 anos, sei que há três coisas que irei sentir que ficaram por fazer:

Livros que não li
Viagens que não fiz
Pessoas que não conheci. A sério.

E digo isto não com amargura nem nostalgia desarrumada no tempo; digo-o como auto-alerta precisamente para, o mais possível, ler, viajar e conhecer pessoas que valham mesmo a pena. É destas coisas que é feita a minha individualidade. A pessoa que sou e serei será definida por estas experiências, como cruzes num mapa do tesouro que me é dado a descobrir.
E ainda há tantos livros, tantas viagens, tantas pessoas. Mas isso é bom, não é?

Reparo agora que penso muito num futuro longíquo (em mim idosa, no meu filho crescido, na humanidade daqui a umas décadas). Será que tenho assim tanta pressa de viver? Ao mesmo tempo, agarro-me ao passado, a certo dia há precisamente não sei quantos anos atrás. Acho que nunca fui muito boa a saborear o momento e, provavelmente por defeito profissional, tenho sempre uma perspectiva de contexto espaço-temporal bem alargada. Conforta-me. Organiza-me. Dá-me uma (falsa) sensação de controlo.

10 novembro 2006

luz de novembro

Para quem nunca leu Faulkner, aproveito para recomendar o Light in August, que se lê bem em qualquer altura do ano mas vai melhor com chá de frutos silvestres e torradas daquelas que a minha Avó faz numa chapa sobre o fogão. De preferência, de seguida, numa noite ininterrupta, de forma a deixar-nos completamente atordoados com a beleza singela da escrita deste autor e a força bruta das personagens a que dá vida como nenhum outro.
Entretanto, acrescento que o amigo Faulkner perdeu muito em nunca ter visto a luz de Novembro com que temos sido contemplados nos últimos dias. Já repararam na transparência do ar, na nitidez das coisas? Ao fim da tarde, tem sido uma tentação enorme escapar-me do gabinete e ir cheirar o rio para uma esplanada em Belém. Até agora, resisti.

O meu post anterior feriu susceptibilidades, como podia prever-se. Eu que andei tanto tempo a conter a minha tendência natural para o sarcasmo, falhei. Aqui me penitencio e comprometo a regressar a temas menos problemáticos, que não quero cá afugentar os meus queridos leitores.

09 novembro 2006

respeitinho

Acho que as meninas portuguesas (ou serão só as lisboetas?) concordarão comigo quando digo que nós por cá não apreciamos muito os piropos de homens desconhecidos que passam por nós na rua. Por um lado, não costumam ser muito refinados, nem sequer originais. Por outro lado, são uma invasão não solicitada à nossa intimidade. Pelo menos é isso que eu sinto. Se vesti uma mini-saia, não foi para comentarem o topo das minhas pernas com referências à TMN. Foi simplesmente porque me apeteceu!
Enfim, eis a solução! Finalmente atingi um estado que me garante a paz e o sossego: a gravidez. Porque o respeitinho é bom e eu gosto. Uma gralha caminha agora na rua, formosa e segura, e eis que passa uma camioneta das obras. O veículo abranda, começam a chamar pela Sónia, pela Cátia, pela Cristina - aqui vou evitar fazer comentários acerca das probabilidades de os meus paizinhos me darem um desses nomes - e eu encolho as orelhitas entre os ombros, com a minha cara de vai-chatear-outra. Mas passam então ao meu lado e contemplam o imponente perfil da minha barriga. De súbito, complexos de édipo mal resolvidos entram em acção e eles calam-se, conscientes que não se incomoda uma grávida. Uma grávida é a coisa mais sagrada que conseguem conceber, logo a seguir às suas santas mãezinhas e ao cachecol do Benfica Campeão 2004/2005 que têm à cabeceira da cama.
Acho muito bem, deixem-me em paz e vão mas é incomodar outras catraias que eu sou uma Sr.ª gralha de respeito!

08 novembro 2006

cof cof

De volta depois de ter estado "de molho", às voltas com uma constipação que se transformou em tosse, que se transformou em bronquite. Isto de andar a curar as coisas à base de chá de limão com mel é muito romântico e naturalista mas até que já tomava umas drogas quaisquer que me tirassem este respirar de cão velho. Enfim, gravidez oblige. Só espero que o pirolito não ande muito incomodado com os saltos que dá o meu abdómen cada vez que tusso. Ná, não me parece. Ele já está habituado a uma mãe bastante mexida :)

03 novembro 2006

manhã ribeirinha

Hoje fiz o que já não fazia há meses (se bem que antes era a correr): levantei-me cedinho, peguei no M. e fomos passear junto ao rio. É incrível o apelo que a água tem sobre mim! E sobre tanta gente, parece-me.
Há lá coisa melhor do que andar mesmo à beirinha de um espelho cinzento-chumbo, em que mal se distingue a superfície do rio do céu do dia a começar? Fiquei com umas saudadezorras de pegar no meu skiff, descer o pontão, e dar as primeiras remadas, ao som das pás a cortar a água completamente lisa! Ai filhote, quando nasceres vais logo para dentro de um barco, que já chega de remarmos em seco (no ergómetro lá de casa). Pronto, logo, logo, não. Esperamos uns mesinhos.

Mas o melhor mesmo foi a visita do meu primo corvo marinho, que já não via há tanto tempo e passou a rasar a doca para nos cumprimentar...

Viver bem no centro da cidade tem muitas vantagens mas acho que, um dia, quero voltar para junto do Tejo.

31 outubro 2006

mediano

Hoje que está assim um dia a atirar para o mediano (que é para não lhe chamar piroso, com esta névoa tímida tão fora de moda), arrisco-me a perguntar:

Fui só eu que achei o novo programa do Gato Fedorento um bocado... mediano? Tenho pena que estejam a deixar os sketches para o recheio e caminhem para o assustador formato de talk show que, na minha opinião, arruinou a graça do Herman.
Gatinhos, um apelo (pronto, três): deixai lá a conversa uns com os outros, vestidos de fatinho. Dispensai o público ao vivo, nós preferirmos rir-nos cá em casa. Evitai os artistas, que até são bons artistas, a cantar para os interromper de 2 em 2 estrofes com graçolas um bocadinho previsíveis. Vós conseguis fazer melhor. Sois jovens, inovai!

30 outubro 2006

de volta ao ninho (temporariamente)

Após os merecidos elogios (hum, humm!) à minha iniciativa musical recente, gostaria de assegurar-vos que esta terá a necessária continuidade assim que eu voltar a ter voz. E, não, a culpa não é da má colocação mas sim da constipação que apanhei entretanto. Agora isto funciona à base da litrada de chá de limão e infusões diversas, que não há cá comprimidos e outras drogas (à excepção do meu querido amigo Folifer) nos próximos meses.
De qualquer forma, ando a ter tratamento de luxo já que estou a passar esta semana em casa dos papás. Aproveitei o facto de o L. estar numa conferência nos EUA e vim passar uns dias ao ninho. Ah, que bom que é o colo dos progenitores! Ah, que bom que é não ter de fazer as tarefas domésticas! Ah, que bom que é ter dezenas de canais de televisão!
Ah, que saudades que eu já tenho do L... Foi tão estranho adormecer ontem sozinha, na minha cama de solteira... De modo que estou com esta sensação ambivalente mas acho que até é bom. Esta pequena separação vai fazer-nos voltar a reconhecer como gostamos um do outro, o que se perde às vezes no meio da trabalheira com os cães, da preparação para a maternidade, do lufa-lufa do dia-a-dia.

E vejo agora que este post ficou um bocado íntimo. Paciência! É para ti L., se o conseguires ler daí do outro lado do Atlântico.

26 outubro 2006

ainda tão pequeno e já tem de me ouvir

Ontem achei que tinha chegado o dia. Há muito tempo que não o fazia - acho que nunca o tinha feito nesta casa - por falta de tempo ou de vontade. Antes apetecia-me a toda a hora. De manhã, à noite, no banho, enquanto cozinhava... Agora parece que alguma coisa me impedia. Até ontem. E quando comecei, nunca mais ninguém me parava. Instalada na sala, a capella, de mão apoiada o diafragma, comecei a cantar. Cantei, cantei, cantei. O público - dois cães e um bebé de 5 meses - não se queixou. Nem abandonou o recinto (não, não fechei a porta da sala. A sala não tem porta). E soube-me bem :)
Filho, esta é a voz da tua mãe. Não é a melhor voz do mundo, ainda que pudesse fazer algum sucesso no mercado pimba, mas é aquela que vais ouvir a gralhar, a sussurrar, a gritar (espero que não muito!) e a cantar para adormeceres. Vais reconhecê-la quando vieres cá para fora?

E hoje tenho a garganta arranhada. Não sei colocar a voz, é uma tristeza...

25 outubro 2006

o que é nacional é bom (às vezes é mesmo o melhor)

Quem me conhece sabe que chego a ser muito melguinha com tanto portuguesismo - passando a publicidade, só meto gasolina na Galp, só compro fruta portuguesa, só recorro a bancos nacionais, faço um grande esforço para comprar roupa portuguesa (ok, esta é difícil), etc., etc. Em suma, procuro em primeiro lugar os produtos portugueses e, só em caso de clara falta de qualidade, opto por alternativas estrangeiras (se possível, de países que não sejam concorrentes com vantagens competitivas economica e socialmente injustas). Chamem-me proteccionista, chamem-me nacionalista, chamem-me o que quiserem: enquanto acreditar que Portugal vale a pena este pequenino esforço, faço-o.
Isto para vos direccionar para um artigo do Nicolau Santos (Revista Exportar, Jornal Expresso) referido aqui.

24 outubro 2006

eco morfológica

Perdoem-me os amáveis leitores que acham que isto se está a transformar num baby blog mas hoje fui fazer a ecografia morfológica e estou toda mãe babada. O meu rapazinho - sim, confirma-se que é um GRANDE homem, eheheh - está enorme, lindo e perfeitinho! A cada parte do corpo que a médica ia analisando e dizendo "está normal" eu suspirava de alívio. E é incrível como se mexe tanto, como parece que já tem uma personalidade própria (mais cedo ou mais tarde, lá vou chamar para aqui a conversa da chamada IVG...). Fico cada vez mais curiosa para o conhecer. Com quem será parecido? Nascerá cabeludo como o pai ou carequinha como a mãe? Terá os olhos do L.? Terá as minhas mãos? O que mais antecipo é aquele momento único em que o vou olhar nos olhos pela primeira vez e dizer: eu sou a tua mãe! Depois vou passar muitas noites sem dormir, nunca mais vou estar completamente descansada quando não o tiver debaixo da minha asa mas, naquele momento, acho que a minha vida vai ganhar um sentido completamente novo :)

23 outubro 2006

o mundo de pernas para o ar

Eu com calor ainda nesta altura. Sempre. Sou fornalha que não se apaga.
As ruas já com iluminações de Natal e ainda nem provei castanhas.
Os meus cães que andam com as respectivas camas atrás (o R. é quem transporta), por toda a casa.
O meu filho que se espreguiça de tal forma na minha barriga que ontem estava a ver que fazia um buraco e saltava cá para fora.
Tudo isto - sobretudo a minha cabeça - desarrumado e ele ainda nem nasceu...

19 outubro 2006

carta a mim daqui a umas décadas

Querida gralha,

Agora que és uma gralha velhota - é verdade, não parece já que ainda estás toda enxuta, mas é verdade - espero que te lembres do que prometeste a ti própria quando tinhas só (?) 27 anos. Caso estejas um pouco esquecida, aqui vai:
1º Não passar metade do dia (ou mais) a ver televisão
2º Não ocupar mais de um terço dos pensamentos com os filhos, netos, bisnetos e restante família
3º Praticar alguma actividade física - de preferência, de índole amorosa, senão pelo menos um bocadinho de yoga
4º Continuar a adorar, enaltecer e proteger os animais, sobretudo os cães e, mais concretamente, a descendência do M. e do R.
5º Não deixar que a natural decadência do corpo e da mente te deitem a baixo. Alegra-te com o que tens e bola prá frente que atrás vem gente
6º Continuar a cantar no duche e a dançar enquanto cozinhas
8º Enquanto for possível, viajar, ler, ouvir música... sonhar!
7º (e mais importante) Não ocupar 80% das células cerebrais, que já não devem ser muitas, a pensar, falar, lamuriar sobre doenças, dores ou o teu estado de saúde em geral

Triste conclusão da visita de hoje ao Centro de Saúde Valha-me Deus: é tão flagrante, com a idade, tornarmo-nos amargos e queixosos. Uma perna (com a sua ciática), um pulmão (com a sua bronquite), a coluna (com a sua escoliose) transfiguram-se e passam a tomar conta de toda uma vida. Spooky.

17 outubro 2006

take off

Hoje era daqueles dias em que, já que me levantei mais cedo (infelizmente, para ir levar o automóvel à oficina), apetecia-me algo. Algo bom. Como apanhar um taxi (glup!) para o aeroporto, só com uma malinha de mão, e seguir num qualquer vôo para a Europa. Pode ser Londres, pode ser Estocolmo, pode ser Viena, pode ser Berlim. Até pode ser Bruxelas (chuva por chuva, sempre comia uns gauffres). Estava numa daquela de dar voltas a pé até ficar de rastos, entrando em cafezinhos e ouvindo as conversas noutras línguas. E reabastecer-me de livros, de caras estranhas, daquelas coisas insignificantes que são diferentes lá fora como os outdoors e as linhas de metro. Já agora, à noite, um jantarzinho simpático. Pode ser numa varanda sobre um rio, no alto de um arranha-céus ou num restaurantezinho pacato com música ao vivo. E depois bem gostava de assistir a um espectáculo mas, mesmo nas minhas fantasias matutinas, sei que às 22h já estou a cair para o lado de sono. Fico-me por um B&B simpático com lençois fresquinhos e pequeno-almoço na cama no dia seguinte. Então até já, boas viagens!

16 outubro 2006

este post vai enervar os condutores

...mas viva esta chuvinha! :))) Sinto muito por todos aqueles que ainda estão no pára-arranca a esta hora, a quem já nem os programas da manhã da rádio conseguem arrancar um sorriso (nestas alturas, costumava optar pela Antena 2 para não começar num chorrilho de palavras mimosas para os restantes automóveis), mas eu lá saí de casa à hora do costume, fresca e ladina com o meu guarda-chuva verde fluorescente, e andei a saltar pocinhas até cá chegar. E à noite, filmezinho enroscada no cobertor, com uma caneca cheia de infusão de cidreia. Venha a trovoada!

12 outubro 2006

apontamentos de uma gravidez quase a meio

1. Por muito que o contrarie, o meu umbigo está mesmo a virar-se ao contrário;
2. O meu pirolito vai dando uns pontapezinhos de vez em quando (sobretudo quando acordo e durante a Hora Discovery, eheh) mas ainda mais ninguém os sente;
3. Já não enjôo mas continuo a não conseguir comer muito à noite. Doces e fruta a essa hora, nem pensar!
4. Ontem usei pela primeira vez dos meus privilégios na caixa de supermercado reservada a grávidas, etc. Foi estranho. Sai-me naturalmente um pedido de desculpas por incomodar;
5. Tenho mesmo de comprar calças novas porque já chega de passar vergonhas ao ser apanhada no trabalho com os botões todos desapertados;
6. Ainda não temos nada para o enxoval do pirolito (excepto uma roupinha, uma chupeta, um babete e um ratinho de peluche) porque parece que ainda falta tanto tempo... Além disso ainda não temos onde guardar as coisinhas dele;
7. Já começo a andar como se estivesse a carregar uma mochila virada para a frente. Esforço-me por estar sempre muito direitinha para adiar as dores de costas;
8. Não tenho balança em casa (feliz ou infelizmente) mas nunca tive tanta fome na vida. Aliás, não é fome, é urgência cega de comer. Tenho de controlar as sandochas de fiambre e as bolachas para não levar nas orelhas na próxima consulta;
9. Já sonhei algumas vezes com o bebé. Era sempre lindo e sorridente. Espero que seja um bebé saudável, feliz, tranquilo e curioso. Isso são as melhores sementes para uma pessoa 5 estrelas :)
10. Não percebo como há pessoas que acham que a gravidez passa depressa. Bem sei que sou impaciente, mas 9 meses são mesmo 9 meses!

11 outubro 2006

gralha mestra... e noiva!

Pois que foi um stress desgraçado. Eu gralhava, gralhava, o bebé ia dando uns pontapézitos para me dar apoio, mas quando fui bombardeada de perguntas comecei a ver a minha vida a andar para trás... Têm a certeza que querem mesmo saber isso? Não preferem antes discutir nomes para o meu filho (que não há meio de nos decidirmos)? Não preferem falar de uma coisa muito mais importante como o facto de se estar a comemorar o Dia Mundial Contra a Pena de Morte e ainda haver milhares de pessoas com esta condenação todos os anos, muitas vezes sem sequer terem direito a julgamento? Não.
Pronto, lá se fez. O júri foi muito querido e não só me deu boa nota como ainda houve distribuição de beijinhos em virtude do meu estado de graça. Arrastei-me até casa para comemorar - o que, nesta altura, correspondeu a um cházinho de cidreira e a uns biscoitos de manteiga - e, à noite, o L. levou-me a jantar num restaurante todo catita. Depois da refeição, e com um sorrisinho tímido e um ar de quem não sabe bem onde é que guardou as palavras, lá me fez o pedido de uma forma bem simples, com um anel lindo lindo, mesmo como eu queria :)
E é assim que, nuns escassos mesitos, passo de menina dos papás para futura mãe, mestra e noiva. E menina dos papás, que isso vou ser para sempre!

09 outubro 2006

nervosa, eu?

À medida que se aproxima a hora H, ou melhor, a hora D, de Defesa da Tese, o meu coração entra em arritmia e o meu soninho precioso é perturbado por pesadelos. Mas, à medida que leio as notícias de hoje, começo a relativisar bastante o facto de já não me lembrar de grande parte dos resultados do que andei a fazer há já mais de 3 anos (e acabei de escrever há mais de 14 meses). Neste momento, o que me está a dar nervoso miudinho é o amigo Kim Jong-il e sua pandilha norte-coreana, que andam a experimentar brinquedinhos nucleares, por enquanto debaixo da terra. Já uma gralha não pode preocupar-se com o seu próprio umbigo!

06 outubro 2006

este moço vai longe

Há muito tempo que não surgia um blogue com tamanho potencial. Sim, senhor, com coisas assim até vale a pena vir trabalhar num dia em que não aparece mais ninguém por estas bandas.

http://cabelinhoapaulobento.blogspot.com/

Já agora, para quando um similar mas inspirado nos dentes do Nuno Guerreiro?

Ora bolas! Lá falhei outra vez o objectivo de não gozar com o próximo!

04 outubro 2006

o bicho da preguiça

Queria aproveitar esta semana sem os cães lá em casa para fazer tantas coisas que tenho andado a adiar. Acontece que, quanto menos tenho para fazer, menos faço, de modo que não tenho feito quase nada. Até para a cozinha ando com menos imaginação (não que costume ser muita). Consolo-me com a ideia de que, às vezes, também faz falta preguiçar um bocadinho, sem estar a fazer listas mentais de todas as tarefas e pequenas coisinhas a que ainda falta atender.

E no outro dia dei por mim a pensar: acho que esta deve ser a última vez, nos próximos 20 anos, que tenho um dia assim, em que me levanto sem uma única obrigação a cumprir (glup!)

02 outubro 2006

é segunda-feira mas não faz mal

Não faz mal porque terminou uma semana de trabalho dos infernos.
Não faz mal porque foi um fim-de-semana óptimo, com direito a uns dias lindos, muitos passeios junto ao rio e ao mar, muitos miminhos dos papás, Cozido à Portuguesa, gelados, pipocas, exposições, cinema...
Não faz mal porque os cães foram passar umas férias a casa dos "avós" e nós temos o ninho um bocadinho mais limpo e sem barafundas.
Não faz mal porque já há folhas nos passeios e castanhas assadas à venda (mas ainda não me apetece).
Não faz mal porque já tenho o jantar feito e posso passar a noite a ler, a namorar e a ver os Sopranos (e a preparar a miséria da apresentação da tese).

Não faz mal porque hoje tenho, pela primeira vez, a certeza que senti o meu gralhinho a dar-me um toquezinho na barriga. Muito ao de leve, só para dizer: "bom dia mãe! levanta-te porque esqueceste-te de ligar o despertador".

28 setembro 2006

qual é o objectivo?

Ok, não há maneira bonita de dizer isto: comprei um champôo que cheia a pum. Uma pessoa vai ao supermercado, não encontra o produto habitual e pensa: ah, aquele tem uma embalagem bonita. Abre-se a tampinha, cheira-se e, enganadoramente, parece que está tudo muito bem. Acorda-se de manhã, salta-se para a banheira (repara-se que o umbigo já está a querer saltar cá para fora...), liga-se a água, abre-se o champôo, despeja-se uma porção para as mãos - oh, que bonito, é côr-de-laranja fluorescente - e eis que, em contacto com a água, aquilo cheira a pum. E agora? Deito o resto para o lixo? Compro um amaciador para disfarçar, correndo o risco de misturar outro odor ainda menos agradável? O que vale é que quando passei por água aquilo passou (espero eu...). Pronto, toda a gente tem direito a um post de humor (?) escatológico de vez em quando.

26 setembro 2006

mais um mimo burocrático

Na secção de mestrados da minha universidade, depois de meia hora à espera para ser atendida:
- Bom dia, vinha saber se existe algum regulamento para a apresentação das teses de mestrado. Algum tipo de normas, regras...?
- Sim, mas vai ser-lhe enviado um auto para casa com isso.
- Está bem. Já agora, podia ver no sistema qual é a minha morada que tem aí? É que eu mudei duas vezes de casa nos últimos meses.
- Ora bem... É esta: Rua de Cima, número...
- Logo vi, essa é mesmo a mais antiga. Será que pode alterá-la aí no seu computador?
- Não, não. Tem de preencher um formulário. Só um momento que eu vou buscar.

5 minutos depois...

- Aqui está.

Preencho o meu nome e a nova morada.

- Já está, muito obrigada.
- Agora tem de ir ali à tesouraria pagar 1,25€. Tem de tirar uma nova senha.
- Desculpe? (grande sorriso incrédulo) Tenho de pagar para alterar a minha morada no vosso sistema?
- Próximo!

Lá tirei a senha. E lá esperei. E lá paguei os 1,25€. Tenho uma página A4 de recibo que o comprova. Vou apressar-me a guardá-lo para os descontos nos impostos.
Para quando a cobrança do papel higiénico? É que, nessa altura, vou exigir um que não tenha consistência de lixa. Ah, claro, e com isto tudo continuei sem saber quais as regras para a apresentação da tese.

25 setembro 2006

meet the fockers

Quem tiver visto este filme compreenderá o estado de nervos em que eu estava antes do almoço de ontem. Para evitar que os meus pais e os do L. se conhecessem na maternidade, e depois de anos de evitamento do inevitável, lá resolvemos juntar os projenitores todos e tentar sobreviver a este dia memorável. É que os nossos pais são diferentes da noite para o dia. Deixem-me lá ver o que é que eles têm em comum? Umm... São humanos. Pesadelos e pesadelos que eu tive antes mas até nem correu mal. Estavam todos muito arranjadinhos, muito reservados e munidos dos devidos por-quem-é. Com um bocadinho de malabarismo da minha parte, lá se conseguiu evitar colisões de maior. Ou seja, evitar os assuntos políticos, económicos, religiosos, de educação, financeiros, futebolísticos, regionais. O que é que sobra? Os cães e o neto que vem a caminho.
Pai do L.: E o estado em que este país está, heim?
Gralha: Pois, olhem só que dia tão bonito que afinal se pôs. Ninguém estava à espera...
Pai da Gralha: Dá-me ideia que o Sócrates ainda vai ficar por cá mais uns tempos.
Gralha: E se fossemos dar um passeio a pé? Estava mesmo a apetecer-me era um passeio a pé.
Mãe da Gralha (dirigindo-se à Mãe do L.): Veja lá que a Gralha sonhou no outro dia que estava a vender os cães (é verdade... para minha grande vergonha...). Não é engraçado?
Gralha: E se fossemos à Torre de Belém? Está um tempo tão agradável, pode ser que não comece a chover entretanto...

22 setembro 2006

educar para o futuro desconhecido

O tempo passa e tornamo-nos cada vez mais educadores, com cada vez menos paciência para ser educandos. Já não podemos ouvir os comentários, críticas e reparos dos pais (normalmente mais das mães...), mesmo que bem intencionados, que não sabem muito bem como gerir o seu novo papel de pai/mãe de um adulto que já saíu do ninho. Ao mesmo tempo, educamos cães (ou, antes, tentamos. os meus andam impossíveis ultimamente), crianças e jovens (enquanto professores, formadores, catequistas). Enquanto casal, tentamos educar-nos mutuamente para estabelecer limites, para definir prioridades, estabelecer terrenos de convivência pacífica no meio das diferenças e do amor. Andamos muitas vezes aos apalpões, no jogo da tentativa/erro, definindo-nos a nós próprios pela forma como entramos em cada uma destas relações e lidamos com as regras que cada uma delas define.
Tendo consciência disto tudo, não me assusta assim muito antever que terei de educar em breve um novo ser humano. O que me impõe respeito é saber o peso incomparável (bom, comparável apenas ao do pai) que terei na formação desta pessoa que aí vem. Porque o meu filho será uma pessoa autónoma um dia. Começará por depender de nós para tudo, mas depois vai sair para o mundo com os instrumentos que lhe dermos. Será que vou criar um cientista? Será que vou criar um ditador? Será que vou criar um cidadão anónimo que vai limitar-se a viver a sua vida em tranquilidade? A maternidade é mesmo uma arma muito poderosa.

20 setembro 2006

a bela da sande

Quando uma pessoa está grávida, várias coisas se alteram, umas mais óbvias que outras. Uma das mais estranhas é a mudança de gostos no que toca a comida. No meu caso, (ainda) não tive nenhum desejo estranho mas há coisas que passaram a saber-me muito melhor e outras muito pior.
Estou em condições de afirmar que ontem comi aquilo que me soube melhor nos últimos 5 anos. Não houve lagosta, chocolate, cheesecake, feijoada, tarte de limão, pizza, caviar (já vêem que gosto de coisinhas muito saudáveis), coisa nenhuma que se tenha comparado à bela da sandes de fiambre (que até devia ser era do chamado filete afiambrado, barradinho com margarina) que comi ontem ao lanche. Por que é que estava tão boa, transcende-me, mas até sonhei esta noite que tinha ido pedir para me reservarem uma sandocha daquelas todos os dias. Mal posso esperar pelas 17h00!

19 setembro 2006

por que é que não gosto de andar de taxi

Qualquer condutor de Lisboa partilhará comigo a irritação com os taxis que sistematicamente apitam 1 milésimo de segundo depois de o semáforo passar a verde, que não usam o pisca antes de virar, que fazem as rotundas todas pela faixa da direita para depois se atravessarem à nossa frente (esta é a minha preferida), entre muitas outras pérolas. Ontem, ao conviver pelo lado de dentro com esta realidade, pude ficar ainda mais encantada. Passados 2 minutos de entrar no dito veículo, já o motorista me estava a tratar por tu e a dizer: "sabes, gosto muito de ti..." mau! "gosto, gosto! gosto muito de meninas assim novinhas...". E assim continuámos, ele espumando um sorriso medonho pelo espelho retrovisor e eu a ver que não podia saltar em andamento porque já estavamos a entrar na auto-estrada de Cascais e lá se ia o meu bebé num abrir e fechar de olhos. Ele mandava boquinhas e dava-me conselhos automobilísticos. Eu mantinha o meu carão mais antipático possível e respondia com monossílabos, mas só se acalmou um bocado quando lhe disse que sim, que ia falar disso da mudança do óleo ao meu marido. Mesmo assim, à saída, só faltava pedir-me uns beijinhos de despedida: "não te vais esquecer de mim, pois não?" ai não, não vou! "gostei muito de vir contigo, também gostaste?" amei...

Com isto tudo, não pretendo dizer que todos os motoristas de taxi sejam condutores pouco civilizados e/ou tarados. Já viajei com alguns educados e cuidadosos. Infelizmente, são as más experiências que marcam.

14 setembro 2006

respiro

Peço desculpa aos amantes do sol e do calor - grupo no qual orgulhosamente me incluía antes de estar a gerar um rebento - mas OBRIGADA pela chuva e pelo fresquinho que finalmente chegaram! Para o ano volta o Verão e, com sorte, eu também vou voltar a gostar de torrar o dia inteiro na praia (ataquem-me agora os dermatologistas, vá), de subir a uma montanha às duas da tarde, de passear pelos (quase) desertos do Alentejo no pico de Agosto. Mas, para já, deixem lá vir a chuvinha e o cheiro insidioso do Outono que se aproxima. Deixem-me conseguir dormir com alguma roupinha sobre o corpo para não ser apanhada desprevenida pelos cães quando me levanto a meio da noite (lá por eles andarem nús pela casa, eu não tenho de partilhar o mesmo com eles).
Ah, e excelente notícia: 1 ano, 1 mês e 3 dias depois de terminar a tese de mestrado, vou finalmente defendê-la (não que ela mereça muito, mas isso é um aparte) . Há esperança de ser mestre antes de ser mãe, fantástico!

13 setembro 2006

(in)tolerâncias

Vi anteontem um filme muito bom, Algures em África, que conta a história de uma família judia alemã obrigada a fugir para o Quénia no início da 2ª Guerra Mundial. Tal como tinha acontecido com o Colisão, fiquei a pensar que, realmente, há um bocadinho de intolerância em todos nós, e que cada um, mais ou menos, a dirige para aqueles que desconhece, que não compreende.
Como socióloga, católica, filha, amiga, entre muitas outras identidades que tenho, contacto muito com estas diferenças e mesmo com divergências relativamente grandes. É curioso como a quase todos os que me rodeiam mais directamente reconheço alguma tolerância... E, no entanto, o que uns defendem é precisamente o que os outros não aceitam. O que é 'normal' para uns é exactamente o que é fora do 'normal' para outros. Nenhum consegue ver sem ser através dos seus próprios óculos, sem sequer ter consciência que não tem, como ninguém, uma visão 100% isenta. E cada um, com a melhor das intenções, me tenta vender a sua sentença.
Às vezes sinto-me uma gralha muito pequenina, perdida no meio de tanta confusão, presa por ter cão e presa por não ter.

Se calhar este post está demasiado confuso mas precisava de o escrever.

11 setembro 2006

este mundo

Já assisti a muitas tragédias, de causas naturais e humanas, mas há qualquer coisa de angustiante com o dia de hoje, em que se assinala o ataque ao WTC. Lembro-me perfeitamente de sentir que o mundo tinha mudado nesse dia, como se só aí tivessemos mudado de século, como se a lógica das coisas a que estávamos habituados tivesse deixado de fazer sentido.
Houve outros ataques terroristas. Houve guerras com a justificação da luta contra o terrorismo. As pessoas continuam a fazer as suas vidas e, para a maioria de nós, a única coisa que mudou visivelmente foi a maior segurança nas viagens aéreas. Mas ainda acho, 5 anos depois, que o mundo mudou mesmo. Houve uma perda de inocência irreparável, o fim da ilusão de invencibilidade de uma minoria do mundo que se esquece (esquecemos) que é isso mesmo, uma minoria.
E é este o mundo em que o meu filho vai nascer. O que é que lhe vou dizer sobre isso? Ainda não sei, falta muito tempo. Mas quero transmitir-lhe os valores da tolerância e da empatia perante a diferença. Quero que esteja o mais informado possível sobre a sua História e sobre o dia a dia, para que possa pensar pela própria cabeça. Quero que não faça julgamentos precipitados mas que não deixe de ter e defender as suas convicções. E também queria que se pudesse sentir seguro como eu me senti sempre ao longo da infância.

08 setembro 2006

é um gralhinho!

Não há palavras para descrever a emoção que senti hoje, ao ver o meu bebé aos pinotes na minha barriga! Parece que só agora acredito mesmo que vou ter um filho, que há uma vida a crescer dentro de mim. Não quero soar lamechas mas é mesmo um momento único!
Felizmente, parece que está tudo bem. Pudemos ver os órgãos todos no sítio, os pezinhos, as mãos tão perfeitinhas! E a médica ainda disse que, em princípio, é um menino - contra a previsão de toda a gente menos eu, que senti logo que vinha aí um grande macho, eheh. Agora é esperar mais estes meses todos que ainda faltam e, entretanto, preparar-me para receber o meu filhote com muita alegria e tranquilidade :)

07 setembro 2006

louvores ao serviço público

E porque nem tudo é mau nos serviços do Estado, venho aqui dar testemunho do bom atendimento com que fui recebida hoje pela minha nova médica do Centro de Saúde. Não se atrasou (!), foi simpática e meticulosa, ou seja, não tenho razões de queixa. Lá me marcou as análises e tudo e tudo. Amanhã lá vou espreitar o meu bicharoco outra vez :D

06 setembro 2006

aqueles livros

Ao longo da infância e da adolescência li muito. Coisas boazitas, coisas medíocres, coisas incrivelmente maravilhosas e inesquecíveis. De há uns tempos para cá, e ainda que continue a ter de ler bastante - se calhar até por isso, sobretudo depois da dieta forçada de cerca de 3 livros técnicos por semana para as teses -, nunca mais encontrei daqueles livros que me arrebatem, me façam largar tudo para ler e, no fim, deixem saudades como poucas pessoas.
Lembro-me de casos como Os Pássaros Feridos, em que há cenas que tenho gravadas como se as tivesse vivido eu. Antes disso, A Ilha Misteriosa, sem dúvida responsável pela minha actual fixação na série Perdidos. Mais tarde, As Cinzas de Ângela e A Vida de Pi, que alimentaram o meu gosto pelo humor trágico e a curiosidade sobre a passagem da infância à idade adulta.
Sinto mesmo falta de viver intensamente pelos olhos de uma personagem, num lugar longínquo, num tempo diferente. Sinto falta desse desafio à nossa forma de ver o mundo e nos entendermos a nós próprios. Sendo assim, quem tem sugestões (sim, porque não tenciono passar os próximos meses a ler só sobre fraldas e chupetas)? Recomendem-me os vossos livros preferidos, aqueles que mudaram um bocadinho de vós. A gralha agradece.

04 setembro 2006

praias

Agora que a época de praia por excelência se aproxima do fim - ainda que a praia seja boa todo o ano - pus-me aqui a reflectir sobre o que faz de uma simples praia 'a praia'.
Todos já tivemos experiências melhores e piores no que toca ao molhar o pezinho na água salgada. Eu própria, este ano, tive uma inesquecível (pela negativa), como se poderão recordar. Se aquilo que define uma boa praia varia de pessoa para pessoa, já que há quem goste de ondas para surfar e há quem goste de dunas para namorar, como ainda quem goste de gente para se mostrar em quem goste de areais desertos para se perder, acho que todos encontram a sua praia como quem se apaixona. Chega-se lá, o mar inunda-nos os olhos até nos sentirmos a explodir com aquele exagero de azul e toda a envolvente parece única. Estava ali à nossa espera. E espera-nos sempre até regressarmos.
A minha praia é a mais bonita do mundo, claro ;). É interminável e termina numa baía com pequenas rochas, depois de quilómetros de areia dourada. Tem uma falésia branca, amarela e vermelha, do topo da qual espreitam pinheiros mansos e ninhos de abelharucos. Cá em baixo, ouve-se as cigarras e as ondinhas minúsculas a chamar por mim. E eu lá vou, quando posso, sempre menos do que gostaria.
Isto tudo porque ontem fui a uma praia ranhosa. Caramba, que desilusão! Em vez de mar, nevoeiro. Em vez de areia, gravilha. Mas também é a praia de alguém. Que lhe faça bom proveito!

01 setembro 2006

reacções

É tão engraçado como as pessoas reagem de maneiras completamente diferentes à notícia de que vem aí um gralhinho. É ver homens a chorar de alegria, amigas aos guinchos, amigos a só acreditar passados 5 minutos... Mas a reacção que mais antecipo é a da minha Avó. Como está no Norte e esta é uma notícia importante demais para ser dada pelo telefone, resolvi escrever-lhe uma 'carta de apresentação' com direito a cópia da ecografia. A carta será entregue pela minha prima, com o devido aviso para que a prepare para a surpresa. Estou certa de que vai ficar radiante e sem palavras :) Contar à minha Avó é diferente de contar a todos os outros... Ela é a última de uma geração e sinto que estou a passar o testemunho de tanta gente, tanta história, tantas estórias que não poderei deixar de contar. Mal posso esperar por vê-la com o meu bebé nos braços, com aquela ternuna que só ela tem.

31 agosto 2006

a gralha tem ovo

Depois de todo o suspense deixado no ar, posso finalmente informar a blogosfera que vou ser uma Mãe Gralhinha :))) Estou grávida de 13 semanas e ainda só fiz uma ecografia mas, em princípio, está tudo bem. Ainda não sabemos se virá aí uma gralhinha ou um gralhinho mas os (futuros) papás ficarão muito felizes em qualquer dos casos. Tenho a próxima consulta dia 7 de Setembro, vamos ver o que me dizem.
Quanto à gralha, passou um primeiro trimestre muito enjoada, muito ensonada e até um pouco abatida psicologicamente - têm sido muitas mudanças nos últimos tempos e senti-me bastante desorientada de início. Felizmente, agora já me sinto muito melhor e, com o carinho e a excitação de toda a família e amigos - será o primeiro bebé da minha geração em ambos os casos (à excepção de duas amigas minhas) -, quero começar a gozar este momento único por que sonhei tanto desde pequenina.

Bloguistas grávidas, futuras grávidas e mães: onde é que vou arranjar uma barrinha de gravidez bem gira para pôr no blogue?

30 agosto 2006

uma grande animaCão

Juntar em casa dois cães (semi)adultos é uma emoção comparável aos melhores episódios do National Geographic, mas assim com toques de telejornal da TVI (e do canal 18 qualquer dia, quer-me parecer). Cada dia é diferente, a cada dia se nota a evolução das reacções deles e agora, cerca de um mês depois deste 'acasalamento' forçado, a relação chegou ao pico da paixão e da ternuna. Nunca pensei! Volta e meia, começam aos beijinhos e, quando aquilo começa a aquecer, lançam-se em lutas simuladas em que, no meio de um grande rebuliço, o M. (mais pequeno) abocanha as bochechas e as orelhas do pobre R. (3 vezes maior que ele), que enfrenta tudo aquilo estoicamente e ainda responde com um olhar enamorado - verdade seja dita, é o olhar habitual dele - e com mais uma dose de beijinhos.
Haverá quem ache que eles precisavam era de uma cadela (ou 2) mas, cá por mim, eles estão mesmo é a disfrutar desta nova irmandade canina. Os machos são mesmo todos iguais: pegam-se, lutam, mas são sempre os maiores compinchas.

29 agosto 2006

voltei voltei

Cá estou eu de volta das férias, moreninha e retemperada, depois de uns bons mergulhos nas praias algarvias. Ainda sobraram uns diazitos para fazer o percurso emigrante ao contrário: da terra (Lisboa), até França (mas só até ao lado de lá da fronteira), num lindo passeio pelo País Basco. Só foi pena a chuva a ensombrar a paisagem e a impedir mais uns mergulhinhos no Golfo de Biscaia, que mergulhos nunca são demais para uma gralha marinha como eu.
Agora, de volta ao trabalho e à vida doméstica, mas ainda com esperança de passar uns fins-de-semana a arejar para não perder nem um pouco do resto do Verão. Só de imaginar que vem aí o Inverno fico com calafrios...
E deixo-vos também a promessa de voltar com grandes notícias muito em breve, eheheh...

Bom regresso a casa!

04 agosto 2006

momentos surreais

No Centro de Saúde Valha-me Deus, enquanto espero há meia hora que a pessoa antes de mim seja atendida, não consigo deixar de ouvir:
- Este nome... a senhora é russa?
- Bielorrussa.
- Da Rússia?
- Bielorrússia.
- ???....
- Podi ser Federassao Russa.
- República Federal Russa? (tic tic tic, escrevendo a dois à hora no teclado, só com um indicador gordinho)
- Federassao Russa.
- Mas a senhora não é russa?
- Bielorussa.
- Mas agora já meti no seu processo 'República Federal Russa'
- .......

Não sei se é de ser Agosto. Não sei se é de andar a passar demasiado tempo em organismos públicos nos últimos tempos. Andam a passar-se coisas muito estranhas à minha volta. Felizmente vou a banhos hoje. Regresso no fim de mês, beijinhos!

01 agosto 2006

note to self: gatinhos

Eis que, após 2 semanas de (des)organização na casa nova, chegam os nossos cães. Um é o M., um Beagle lindo e amoroso (e teimoso, comilão, com a mania das grandezas...), ou outro é o R., um Labrador pacholas e ainda muito miúdo (que só falta devorar-me de cada vez que me vê chegar, tal é a excitação).
Meus amigos, a minha vida não ficou mais fácil! Adoro os meus cães e não se pôs sequer a hipótese de ficarem nas respectivas casas (o M. na dos meus pais e o R. na dos pais do L.). Mas tanto pelo, tanta animação, tantas lambidelas, tanta confusão à hora das refeições (o M. tenta sistematicamente assaltar a taça do R.), é um bocado demais só para uma pequena gralha... E quando é para os levar à rua, pela trela? Tenho de usar calçado especial anti-derrapante e andar sempre alerta e a fazer piruetas para desensarilhar trelas, cães, árvores e o que demais nos passa pelo caminho.
Para a próxima a ver se arranjo uns gatinhos. Tão lindos os gatinhos. Ficam quietinhos em casa e só pedem uma latinha de patê por dia e que os deixemos em paz, asseadinhos e independentes. De facto, neste momento não consigo lembrar-me por que é que gosto mais de cães...

28 julho 2006

os pratos da balança

Adeus TVCabo.
Passar umas boas horas por dia a limpar, arrumar, aprumar.
Saudades do colo dos meus pais.

mas

Poder vir a pé para o trabalho.
Fazer cozinha experimental e tu (por enquanto?) não te queixares.
Acordar durante a noite e a tua respiração deixar-me tranquila.

E as férias, já só falta uma semana!!!

25 julho 2006

em andamento

E quando a vida nos apanha como se fosse um combóio em andamento, ficando uma multidão de rostos queridos a acenar-nos da plataforma, sorrindo e desejando-nos felicidades?

E quando não sabemos onde o combóio vai parar e nos foge um pezinho para a porta, para descer em andamento, porque aquela estação, pelo menos, já conhecemos?

E quando levamos muito mais na bagagem do que o que contávamos, porque é impossível levar só o essencial e há tantos sacos, malinhas e recordações que não podemos deixar para trás?

Isso não é Impulse. É para aí o contrário.

E daqui a umas horitas devo contar com a visita do L. aqui no trabalho. Cada vez que escrevo um post mais fatalista, cá me aparece o rapaz. Deixa estar por esta vez, dê por onde der, o combóio vai na tua direcção.

21 julho 2006

prós e contras

Isto de viver junto não é coisa fácil, principalmente para duas pessoas tão diferentes como o L. e eu. Ontem dizia ele que lhe parecia que a relação dele com os pais tinha melhorado desde que tinha saído. Respondi que devia ser porque aproveitavam o tempo que estão juntos para se darem valor e não a discutir sobre coisinhas pequenas. E acrescentei: "as coisinhas pequenas discutes agora comigo."
Esta troca está-me a parecer, até agora, um pouco injusta... Deve ser por isto que há tanta gente que arrasta relações estáveis vivendo em separado. Era tão mais fácil quando o que fazíamos juntos era jantar fora, ir à praia, viajar - em vez de estender a roupa, preparar as refeições e o diabo a quatro.

18 julho 2006

a fada do lar

Passar a ferro enquanto vejo os Morangos com Açúcar.

14 julho 2006

saír do ninho



É hoje!



Muitas emoções em simultâneo...



Wish me luck.

12 julho 2006

profissionais da bicha

Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, este post não tem nada a ver com a homossexualidade. Aliás, só os rapazes pouco confiantes da sua sexualidade é que costumam ter problemas em dizer 'bicha' e preferem a alternativa tão burocrática e cinzentona que é a 'fila'.
Mas voltemos à bicha. Há pessoas que - à força da necessidade de sobreviver nos meandros das instituições públicas nacionais, é certo - são autenticas profissionais da bicha. Penso que devem calcular no dia anterior a hora certa para chegar. No local, examinam a concorrência, avançam e ferram os pés marcando bem a sua posição, com os olhinhos saltitantes entre o jornal diário gratuito que trouxeram do metro e os possíveis penetras (qualquer pessoa que se atreva a passar a menos de 3 metros da dita bicha). E as reacções quando alguém tenta passar à frente? Só lhes falta dar cabeçadas à la Zidane. Os meus preferidos são, claro, aqueles que trazem crianças de 5 anos ao colo ou Nenucos (isto é verídico) para garantir a prioridade.
Posto isto, tenho de reconhecer, não sem embaraço, que estou a ficar profissional da bicha. Depois de me levantar às 6h da manhã, lá estava eu antes das 7h a tirar a minha senha, a ler o meu livro e a observar os passantes. Triunfante, consegui marcar a consulta pretendida. E arrastei-me até aqui para um dia de trabalho em que mal consigo manter os olhos abertos.

Tenho saudades dos meus posts inocentes e optimistas. Por que é que agora não me sai mais nada do que o sarcasmo?

10 julho 2006

vida simples, vida brega

Sim, é verdade, fui uma dos milhares de lisboetas que ontem se lembraram de ir para a Costa da Caparica. Eu tinha plena consciência que ia apanhar um trânsito infernal, neste que foi o primeiro fim-de-semana de bom tempo deste Verão. Mesmo assim, fomos porque os meus ossos reclamavam por aquela água gélida da costa e por um bocadinho de sol que desse alguma côr às minhas já muito pálidas bochechas. Que má ideia, que má ideia! O trânsito estava de tal ordem que mal chegámos à (cidade da) Costa da Caparica e vimos um lugar, estacionámos. Ou seja, fomos para uma daquelas praias entre molhes, com 3 metros de areia até à água, sem bandeira azul, e com cerca de 5 pessoas por metro quadrado. E, MESMO ASSIM, o pessoal conseguia estar a jogar à bola, a relaxar o belo corpanzil bezuntado de óleo Johnson (!), a gritar com a filharada e a comer bolas de Berlim.
Não sei se estou preparada para ser pobre. Como sou pouco agarrada às coisas materiais, apesar de (ou, se calhar, por isso mesmo) nunca me ter faltado nada, achava que esta nova fase da vida seria encarada com tranquilidade. Não tenho dinheiro para decorar a casa, ok, temos mobília simples, prática e despretenciosa. Não tenho dinheiro para jantar fora, ok, faço o meu mundialmente famoso caril de banana, acompanhado de um vinhito simpático. Não tenho dinheiro para viajar, ok, leio livros sobre terras longínquas numa esplanada de Lisboa. O problema é que muitas vezes não há a opção simples para algumas coisas, há apenas a opção ranhosa, como uma praia sobrelotada.
Chamem-me menina dos papás. É verdade.

Mas não é isto que compõe o enredo da novela venezuelana. É alguma coisa sobre a qual ainda não estou preparada para falar.

07 julho 2006

¡ayuda!

Mi vida se está convirtiendo en una telenovela venezolana

06 julho 2006

teoria da relatividade

Em outras circunstâncias, a derrota de Portugal de ontem ter-me-ia causado uma grande frustração e tristeza. Visto que, de repente, tudo está virado ao contrário cá para os meus lados, vivi o jogo com a frieza do Mourinho e o final - estranhamente! - com alegria e muito orgulho na nossa selecção. Sou só eu que acho que eles até jogaram bem, que deram o litro, que acreditaram até ao fim? É que quase todos à minha volta não tardaram a baixar os braços e a dizer o costume: "é sempre a mesma coisa..."

04 julho 2006

coisas que não existem

O Ricardo defender três penaltis.
Estar a chover em Lisboa em Julho.
As cerejas incrivelmente doces que o meu pai comprou no mercado.
(só falta passarmos na inspecção da Lisboagás à primeira)

Isto desde que eles foram à lua o mundo nunca mais se endireitou.
As coisas andam muito estranhas mesmo, incluindo as minhas insónias entre as 4h00 e as 5h00, certinhas, como se tivesse que alguma coisa importantíssima para fazer àquela hora. Vá-se lá compreender...

30 junho 2006

Julho

Vai começar o meu mês preferido. Aquele em que o Verão é mesmo Verão, em que se ouvem cantar alto as cigarras, em que as noites começam de dia e os jantares são de salada e fruta comida com apetite.
Adorava Julho durante a adolescência. Férias que nunca mais acabavam, ir para a praia até ficar torrada, escrever as saudades da paixão desse momento no meu diário e adormecer de janela aberta, com as estrelas gravadas nos olhos, para acordar cheia de vontade de passar mais um dia a fazer todas aquelas coisas para as quais nunca tinha tempo.
Já não me lembro da última vez que pintei um quadro.
Que apanhei o combóio para ir para a praia com os amigos.
Que fiquei a ler até de manhã alguma coisa inelargável que tinha comprado na última Feira do Livro.
Que contei os dias para rever um qualquer rapaz da escola.

Eu própria já reconheço que ando excessivamente nostálgica. Acho que não paro de reviver o passado enquanto não viver o futuro que desejei naquela altura. Alguém sabe, de facto, viver o presente?

27 junho 2006

batalha interior

Acho que o meu corpo está a travar uma batalha interior e não sei contra o quê. Tenho uma febre baixinha mas insidiosa, que me faz arfar, acelera o coração e dá-me arrepios, mas não é suficiente para ficar em casa a ver a Fox todo o dia sem sentimentos de culpa.
Terei comido qualquer coisa que não devia? Haverá qualquer coisa a comer-me por dentro? Estarei apaixonada? Seja como fôr, hoje arrasto-me pelo trabalho, não vendo a hora de chegar a casa, fazer de conta que é Novembro, e enrolar-me nos cobertores com o meu chá de cidreira e a Oprah.

26 junho 2006

penúria

É ir passear para Belém e levar de casa uma caixinha de pastéis de nata oferecidos no dia anterior (e uma embalagem de canela).

Mas passeou-se. E descansou-se. E namorou-se. E os pastéis estavam óptimos!

23 junho 2006

baby sitting fora do tempo

Os meus pais andam de férias a passear de carro pela Europa, os grandes malucos, e eu fiquei a tomar conta dos 'miúdos'. Está certo que o meu relógio biológico até já está a ficar sem pilhas de tanto tocar, mas levar logo com dois matulões, que deixam a roupa espalhada, a louça suja por todos os lados, como se tudo se arrumasse e limpasse milagrosamente, e nem sequer se lembram de levar o cão à rua também é um bocado demais!
Sendo assim, peço a minha demissão. Acho que vou abandoná-los à sua sorte e zarpo para a minha casa, mesmo que isso signifique tomar banho de água fria e encomendar pizza todos os dias.

20 junho 2006

rebuçados diamante

Agora que ando a brincar às pessoas crescidas foi com um misto de alegria e saudade que ontem andei a percorrer a zona da minha adolescência. É engraçado como só as velhinhas parecem as mesmas porque as lojas mudaram todas e os miúdos que passam para o liceu são bem diferentes dos meus amigos e colegas (têm piercings e usam mochilas pingonas, ao passo que nós usávamos calças de ganga justas e andávamos com os dossiers forrados na mão), à excepção dos ténis All Stars. Quando vi, exactamente na mesma esquina, o senhor que, no Inverno, vende castanhas e, no Verão, vende gelados, não contive o sorriso e fiquei com vontade de lhe dizer

ainda bem que aqui está
o mundo dá voltas mas há coisas que ficam
espero que ainda venha aqui comprar castanhas com os meus filhos, quando andar às compras para o Natal, sob as árvores com a iluminação mais bonita de toda a Lisboa

Mas continuei a andar e fui até a uma pastelaria daquelas que também continuam fiéis ao que eram há 15 anos. Os empregados são os mesmos, com as suas camisas de manga curta abotoadas até cima. As vitrines revelam bolos de aniversário, miniaturas (no Natal, bolo-rei) e sortido de bombons. As prateleiras de vidro nas paredes têm, de baixo para cima, como numa hierarquia de idades, ovos Kinder, pastilhas elásticas, chocolates, cigarrilhas e garrafas de whisky. Nos balcões, para além dos folhados, bolos e fatias de salame de chocolate, há taças com rebuçados de fruta, caramelos, flocos-de-neve e rebuçados diamante.
Já não me lembrava dos rebuçados diamante, aqueles lindos, coloridos e translúcidos, que se espalhavam pelas mesas de aniversário e eu colhia sorrateiramente (só os vermelhos, os meus preferidos). Devia ter comprado uns ontem, para espalhar todos os dias sobe a mesa da sala da minha nova casa. Ou então não, porque os cães ainda os apanhavam e chamavam-lhes logo um figo.

16 junho 2006

coerência sazonal

Fico fascinada com a quantidade de pessoas que, nos últimos dias, têm saído à rua com guarda-chuva. Está certo que tem chovido. É verdade que, na quarta-feira, estive 15 minutos na saída do Metro, à espera que desligassem as torneiras do céu, e acabei por apanhar uma bela molha. Mas será que mais ninguém sente que há algo de muito estranho em carregar um guarda-chuva em Junho, em Portugal? Se ficassem 13 graus também iam voltar a usar blusões de Inverno?
Não é teimosia, a minha cabeça precisa de ordem. Diz que agora é quase Verão. Se chover, molho-me (nem sequer está frio, de qualquer forma)!
É o gesto de acordar de manhã e pensar: "Umm... Será que devo levar o guarda-chuva?" que me fascina. Ou vivo num universo pararelo ou não quero mesmo saber se fico com o cabelo numa desgraça e as sandálias ensopadas.

14 junho 2006

santo antónio

Depois de tanto trabalho, estava a ver que não aguentava o que é, desde há uns anos, um marco obrigatório na minha vida: a festa do Santo António. Mas não, lá botei as mãos à cintura, abanei a anca para trás e para a frente, e desci do Marquês de Pombal até Alfama. Este ano, estou indecisa se o ponto alto foi: 1) quando consegui que a Lili Caneças me acenasse; 2) quando falei pessoalmente com um assistente do Grande Mestre Professor Mamadu, que me assegurou que este era um Mestre com Muita Força, que podia resolver todos os meus problemas (será que faz macumbas para passarmos na inspecção do gás?); 3) ou quando passei pela maior concentração de urinadores em público de que há memória (junto ao castelo, alinhados qual pelotão de fusilamento, indiferentes às centenas de pessoas que passavam).
Enfim, como sempre, a animação foi grande, com farturas, bifanas, sardinhas assadas, sangria (sobretudo entornada sobre mim), bailarico e, como não pode faltar, o meu momento de homenagem ao Santo António, cada vez mais complicado devido à quantidade de miúdos quase à bulha para apanhar as moedas que as pessoas atiram. Para o ano há mais!
Fica ainda para a história a primeira noite que passámos na nossa nova casinha :)

09 junho 2006

dias assim

em que a equação é = (trabalho X stress) elevado a preocupações, só há uma saída:
programas de televisão sobre a natureza, de preferência sobre um qualquer mamífero marinho residente nas regiões polares, com muitas imagens de branco, azul e silêncio.

07 junho 2006

estrangeiros

Toda esta confusão à volta da reportagem sobre a extrema-direita em Portugal tem gerado muitas conversas pelo meu gabinete e algumas surpresas. Quase todos os meus colegas têm origens miscegenadas - inglesas, judaicas, brasileiras, angolanas, japonesas, chinesas, you name it - o que não só enriquece as nossas conversas como nos leva a ver as coisas de perspectivas bem diferentes.
Hoje revelaram-me que se sentem estranjeiros em qualquer lado. Fiquei de boca aberta (será que é muita ingenuidade minha?). Eu sentia-me estranjeira quando vivia na Alemanha mas, aterrando no Aeroporto da Portela, estava na minha terra.
Como é que pessoas que nasceram e viveram em Portugal, sem estarem fechados em nenhum tipo de gueto, que torcem pela Selecção Nacional e se riem das mesmas piadas, se podem sentir estrangeiras? Como é que podem mesmo sentir receio que os movimentos de extrema-direira ganhem tanta força que isso possa ter implicações directas na vida deles?
Às vezes acho que o facto de haver tantos filmes sobre o racismo, a intolerância, o Holocausto tem o mesmo efeito das reportagens diárias sobre a guerra no Médio Oriente: transforma a realidade em espectáculo e dessensibiliza-nos.

06 junho 2006

girls just wanna have fun

No auge da minha entrolhização, resultado de dias a fio de transporte de tábuas, pinturas e montagens, que me deixaram as pernas cheias de nódoas negras, os braços arranhados, as unhas pretas e o cabelo com tinta branca que teima em sair, surgiu a M., para me salvar. A M. é a minha prima de Barcelos, 5 anos mais nova que eu, que veio viver para minha casa durante os 3 meses que dura o estágio que veio fazer para Lisboa.
Como estava a precisar de uma companhia feminina, com quem trocar futilidades sobre cortes de cabelo e ver as maravilhosas séries da Fox, horas a fio! Para quem, como eu, nunca teve uma irmãzinha a quem pintar as unhas com canetas de feltro e trocar roupas, isto é uma maravilha. E a salvação do que me restava de feminilidade. Abençoada sejas M.!

05 junho 2006

já chega

Se monto mais um móvel trönga trönga, mais uma prateleira grölit, mais um parafuso que seja, dou em louca! Já sonho com dobradiças, acordo a pensar em fitas-métricas! Algum homem giro, inteligente, rico mas sobretudo com uma casa maravilhosa e já completamente pronta por aí?

01 junho 2006

dia da criança

Não, não vou dizer mal do dia da criança. Mas este sempre foi um dia negro para mim porque nunca recebi 1

nem 1 só

presente no dia da criança.
Os meus pais discordavam do sentido comercial da coisa, que o "dia da criança é todos os dias", e mainada!
Isto, a juntar ao facto de nunca ter podido usar cuecas com bonequinhos para mostrar às amigas quando íamos à casa-de-banho no infantário, à repressão extrema que exerceram sobre as minhas barbies, ao facto de ter tido o cabelo curto ao longo de grande parte da infância e, pior, não ter tido autorização para ver os Simpsons quando começaram a dar cá (andava eu no saudoso 1º ano do ciclo preparatório), explica todas as minhas psicoses de incapacidade de identificação com a espécie feminina humana, restando-me, por alongado contacto com os animais, identificar-me com as gralhas. Depois admiram-se.

31 maio 2006

compras online

Sou das pessoas menos consumistas que conheço. Ninguém me apanhará deliciada às compras num centro comercial, à procura de mais um par de sapatos ou daquela mala perfeita. Compro sapatos para calçar com a roupa que tenho, compro roupa para substituir ou combinar com a roupa que já tinha - sim, é verdade, acabo por andar muitas vezes com muito tempo de atraso em relação à moda.
Só que há coisas que são uma tentaçãozinha, como os livros. Por isso, não tendo eu tempo nem dinheiro para ir à Feira do Livro, nem sequer paciência para procurar todas as coisas que não lembram ao diabo (tenho a certeza que o espertalhão do diabo é um leitor ávido) nas livrarias mais bem fornecidas, resta-me a Amazon.de, onde parece que nem custa nada comprar e há tudo, das mais diversas origens e nas mais variadas línguas. Segurem-me, senão não paro.

revolução dentária II - o triunfo

A nossa campanha está a dar frutos! Enquanto lavava os dentes há pouco, entrou sorrateiramente uma desconhecida, sacou da sua escova de dentes e zuca. Antevejo um futuro sorridente nesta universidade.

29 maio 2006

mais vale ser novo, bonito e rico

do que velho, feio e pobrezinho. Isto é um ditado bastante palerma a que recorro de vez em quando e que faz muito sentido actualmente. Tenho as costas que não me mexo, os braços cobertos de tinta que não sai, as unhas num estado deplorável, as mãos cheias de bolhas, uma miséria! Isto de uma gralha não ter dinheiro e ter de ser ela e o seu moço a pintar toda a casa, a carregar móveis, descarregar móveis, montá-los - durante um fim-de-semana em que estiveram 30 e tal graus, by the way - está-me a fazer vir ao de cima o mais refinado burguesismo e preguicite aguda... Está bem que depois dá gozo ver as coisas todas bonitinhas, que nos deram tanto trabalho, mas eu preferia ter dado trabalho remunerado a gente com mais corpinho para isto enquanto eu ia tranquilamente para a praia pôr as minhas leituras em dia. Enfim, já só faltam mais algumas dezenas de móveis...

25 maio 2006

revolução dentária

O meu colega G., como bom brasileiro que é, chegou a terras lusas e logo tratou de hastear a bandeira da saúde oral. Não descansou enquanto eu não comprei uma escova de dentes para ter no gabinete e todos os dias, depois do almoço, só falta arrastar-me até à casa-de-banho para a devida lavagem da dentuça. Mais, está tão empenhado na sua causa que desfila pelos corredores de escova em riste, qual D. Quixote lutando contra os moinhos das cáries alheias, e faz questão que toda a gente perceba que é imperativo trabalhar para um sorriso bem luminoso.
Em vão tentei explicar-lhe que a lavagem de dentes não é um acto social cá na nossa terra, que o pessoal não se sente muito à vontade perto de outros, a babar espuma e fazer caretas em frente ao espelho. Bem, pelo menos sempre fico com os dentes mais branquinhos.

24 maio 2006

afinal, de quem é a festa?

No sábado fui a um casamento de uma filha de um amigo do meu Pai que, por acaso, também andou comigo no remo e também foi colega do L. na escola. No entanto, nunca fomos grandes amigas, só fui ao casamento porque o meu Pai insistiu que era importante para o amigo dele. À partida, discordei da ideia mas lá fui - nunca recuso à partida a oportunidade de comer bolos até à indigestão.
À medida que fui dando voltas pelo recinto e serpenteando pelos 250 convidados comecei a notar uma coisa muito estranha: não havia gente abaixo dos 40 anos. Comecei a interrogar-me se estaria numa daquelas ilhas onde não há pássaros, porque alguém trouxe cobras de outras paragens e lá se foi o chilrear. Mas não, simplesmente, os convidados eram quase todos amigos dos pais dos noivos. Amigos dos noivos devo ter visto, no máximo, uns 15.
Sou só eu que acho que há alguma coisa de estranho nisto? Por que é que a festa de um casamento há de ser uma festa para os pais dos noivos - inclusive só com música da época deles - e não para os noivos propriamente ditos? Está a celebrar-se a formação de um casal ou o facto de se ter conseguido despachar os miúdos lá de casa?
Pronto, não queria ser tão amarga mas o casamento é um tema muito delicado para mim e gostava que o meu fosse uma festa nossa, incluindo dos nossos pais, mas não feita por e para eles.

19 maio 2006

as mesmas caras, um sítio diferente

Ontem à noite fui a uma grande festa, no Museu Nacional de Arte Antiga, por ocasião da abertura da exposição "Grandes Mestres da Pintura Europeia: de Fra Angelico a Bonnard. Colecção Rau". Infelizmente, cheguei tão tarde que só vi a exposição de fugida mas valeu a pena só pelo ambiente no jardim, na esplanada sobre o rio, em que toda a construção antiga e vegetação bucólica combinavam tão bem com os efeitos de luzes e a música a bombar na batida certa.
Mas o mais divertido foi o facto de ter ido com os meus colegas de trabalho. Ver toda esta gente, que costuma ser tão compostinha - são investigadores e professores universitários - a soltar a franga como (ao que parece) há muito não tinham oportunidade foi uma graça e, ao mesmo tempo, deu para fortalecer ainda mais as cumplicidades que já tinhamos. Já disse que gosto muito dos meus coleguinhas? Gosto muito dos meus coleguinhas.

18 maio 2006

pessoas perfeitas

Vocês conhecem alguma pessoa perfeita? É que eu conheço. E tenho de lhe escrever uma fita para a benção do próximo Sábado. Não é nada fácil, portanto.
Ela é simpática, inteligente, doce mas determinada, corajosa mas sem se procurar sobrepôr a ninguém, criativa, trabalhadora, honesta, atenciosa, disponível, bem-disposta... Sim, e gira e elegante. Até tem 22 anos e, como dizia o Herman, ninguém tem 22 anos. Se fosse homossexual, de certeza que me apaixonava por ela.
O que é que eu hei de escrever? Para uma pessoa assim não se pode escrever banalidades. Mas também não posso fazer este discurso assim tão elogioso porque não a quero embaraçar. Quem me dera ser daquelas pessoas muito cultas que têm sempre a citação certa para cada momento na algibeira. Não sou, por isso escreverei qualquer coisita simples, do coração.

16 maio 2006

furacões

De há umas noites para cá, tenho tido um sonho recorrente e enigmático - coisa que nunca me acontece, até o meu subconsciente costuma ir directo aos assuntos sem andar com grandes rodeios - em que estou algures num descampado e começa a aproximar-se o centro de um furacão. Agarro-me a qualquer coisa, sabendo que serei levada porque não tenho força, o que, de facto, acontece. Enquanto vou no ar, estou cheia de medo, de olhos fechados, achando que vou ser atingida por qualquer coisa; mas acabo por cair bem, sem uma beliscadura, ficando apenas a contemplar a destruição à minha volta.
O L. acha que é de ter estado em Cuba, onde há tantos furacões. A minha colega diz que é por ir viver com ele, por estar com medo desta grande mudança de vida.
Eu acho é que estou cheia de vontade e receio, em simultâneo, que alguma coisa maior do que eu me arranque daqui, me abane e me leve para um novo começo, nem sei bem do quê. Tenho de perguntar a um freudiano.

15 maio 2006

querido, mudámos a casa

Com a ajuda de 4 amiguinhos, o L. e eu passámos todo o fim-de-semana a pintar a nossa casa nova. Deixem que vos diga, pintar dá uma trabalheira enorme! Então os nossos fabulosos tectos de 3 metros de altura, com frisos, são um mimo. Acho que os programas de renovação de casas que passam na televisão são muito enganadores, parece que aquilo se faz com uma perna às costas e afinal faz-se é à custa de dores nas pernas, nas costas, no rabo, nos braços...
Enfim, depois de 20 horas de trabalho e várias camadas de tinta, lá ficamos com aquilo tudo bonitinho. Só não fiquei muito satisfeita com a parede da entrada, que queríamos pintar de ocre mas saíu-nos mais tipo polpa de tomate. É claro que o L. não percebe a diferença e acha que está óptimo mas as meninas compreendem a minha angústia, não é?

12 maio 2006

dê sangue. ou então não.

Há alguns anos que sou dadora mas são mais as vezes em que sou rejeitada do que as que consigo, de facto, verter meia litrada do meu precioso B RH+. Isto já é mais frustrante do que ter 14 anos e ser barrada à porta do Benzina (alguém se lembra?). Ou é porque não tenho peso, ou é porque a hemoglobina está baixa, ou é porque a tensão está baixa, ou é porque fui a S. Tomé e é preciso esperar 3 - sim, 3 - anos antes de voltar a dar... Parece que o meu voluntarismo tem de arranjar outras vias.

11 maio 2006

ainda estou (um bocadinho) lá










Sim, é lixo. Sim é lindo.
Eram 6 da manhã e a praia estava perfeita
como se o mundo tivesse começado
naquele dia.

10 maio 2006

perdida

Então não querem lá ver que a RTP tirou os meus queridos 'Perdidos' das terças-feiras à noite?? Depois de uma brevíssima lua-de-mel, em que transmitiam aquilo às 22h30 como bons meninos, começaram a arrastar o meu pequeno rebuçado das malfadadas terças-feiras já para as quartas. E agora, sem apelo nem agravo, zuca! Valha-me a Fox...

09 maio 2006

crónicas

Que bom, que bom, que bom! Eu posso não poder passar a vida a viajar - infelizmente, ainda não tive propostas para a minha oferta de trabalho - mas posso agora subir o continente africano, semanalmente, "às costas" do Gonçalo Cadilhe, que retomou o seu périplo terrestre/marítimo e a sua crónica na Única (Expresso).

08 maio 2006

não sou (mesmo) flausina

Conversa numa casa-de-banho da minha universidade:

"- Aaaahrh! Vou matar os meus pais!!!"
"- Então?"
"- O meu cabelo!"
"- O que é que tem?!?"
"- Uns fios. Fora do sítio."

05 maio 2006

festas surpresa

Hoje vou a uma festa surpresa e dei por mim a temer que algum dia me façam alguma. Logo para começar, nunca gostei de festas de aniversário: ou eram de outros miúdos com quem eu até nem ia muito à bola, mas tinha de ir na mesma porque assim ditavam as nossas mãezinhas; ou era a minha, e tinha de conviver com aquela misturada inconciliável de primos, vizinhos e colegas da escola, havendo apenas 2 ou 3 pessoas com quem me apetecia, de facto, brincar. Ainda hoje, recuso-me a fazer festas de aniversário (mas não tenho muito sucesso porque faço anos 3 dias antes do L., que me obriga a fazer festa conjunta) e dispensava bem a maioria daquelas a que tenho de ir. Sim, é verdade, sou um bocado bicho do mato.
Agora, festas surpresa?? Vá lá, o/a pobre aniversariante nem sequer tem a possibilidade de se preparar psicologicamente para a tortura. Ainda por cima, em Portugal, como chega tudo atrasado, o aniversariante acaba por aparecer mais cedo que muitos dos supostos surpreendedores.
Lá vou eu outra vez dar os parabéns à pobre vítima de hoje, com o sorriso reservado para as ocãsiões "desculpa lá esta maçada toda, espero que o resto do dia tenha sido bastante melhor".

04 maio 2006

não sou (lá muito) flausina

Nunca andei no ballet nem na ginástica rítmica.
Nunca tive cuecas com bonequinhos (esta marcou-me, confesso).
Não gosto da maioria das flores (ok, gosto de algumas mas não das mais «previsíveis»).
Não uso roupa côr-de-rosa (excepto a que me oferecem, mas é pouquinha).
Não uso anéis nem pulseiras.
Não bebo vodkas-sabores.
Não tenho nenhum artigo da Hello Kitty.
Não uso maquilhagem no dia-a-dia.
Sobretudo, não gosto de ver montras e muito menos de fazer compras de roupa.

mas gosto de usar saltos altos, vestidos, brincos e colares, com muitas cores, de preferência.

03 maio 2006

gosto de gestos

pequenos, quase imperceptíveis, como quando nos apertam o braço levemente para dizer qualquer coisinha.

02 maio 2006

a menina dança?

Notei recentemente (pelos vistos sou muito distraída) que, num dos sítios onde gosto de ir dançar, decorrem transacções mais ou menos duvidosas, entre jovens rapazes e senhoras bastante mais velhas. Eles vêem pegá-las para dançar e parece-me que depois lhes dão outro tipo de voltas. Não comento a licitude destas movimentações - cada um que faça o que quiser da sua vida desde que não prejudique terceiros - mas interrogo-me se, chegando aos "entas" e solteira, me lembraria (lembrarei?) de recorrer a este tipo de soluções. Quando é que o aconchego passa a ser tão imperativo que estamos dispostos a pagar? Qual o valor de uma dança ao fim de uma semana numa cama vazia?
I wonder.

28 abril 2006

posso começar já por aqui

Salto Angel
No seguimento da minha rota mais recente, pelos países lindíssimos vamos-fazer-de-conta-que-somos-uma-democracia, gostava muito de conhecer a Venezuela. Alguém já lá esteve e pode dar-me umas dicas?

27 abril 2006

oferece-se

Pequena gralha para cargo de viajante profissional. Alguma experiência, ansiosa por aumentá-la. Trabalho por objectivos (carimbos no passaporte e novos amigos no coração). Não preciso de ordenado, desde que paguem os custos das viagens. Aceito deslocações no país e ao estrangeiro, à excepção (actual) do Iraque, Irão, Afeganistão, Serra Leoa e Libéria. Ofereço garantias*

*Não sei do quê, mas parece-me bem oferecer. Pelo menos da minha satisfação.

26 abril 2006

deficit cultural

Não ando a alimentar-me convenientemente no que diz respeito às artes. Espero que isto não pareça snob (se parecer, paciência), mas preciso de ir lendo umas coisinhas boas, de ir ouvindo uma musiquinha nova, de ir sendo confrontada com novas encenações de qualquer coisa já bem antiga ou, simplesmente, de ficar a olhar para um quadro, roída de inveja por não ter sido eu a pintá-lo.
Posto isto, por que é que não vou à Festa da Música, ao Indie, ou ao concerto de um dos meus novos colegas?
Preguiça, meus amigos. O pior inimigo do cérebro humano.

24 abril 2006

de volta

O tempo e um belíssimo fim-de-semana por terras minhotas ajudaram a amaciar as minhas inquietações. Ou será que é só parte da maquilhagem de que falava, que já começa a substituir o bronzeado que se desvanece? Seja como fôr, preciso de descansar um pouco na segurança da rotina diária.
Fica a imagem da minha prima de terras caribenhas.

20 abril 2006

desorientada

Até há pouco, a coisa que mais desejava na vida era ter o meu primeiro filho. Passava tempo demais nos babyblogs, sonhava com todos os miminhos, toda a emoção da gravidez, do parto, dos primeiros meses.
Agora - não sei se foi das férias, dos Mojitos, da alguma saturação num trabalho poucas vezes estimulante - estou virada do avesso. Sinto-me tão angustiada e nem sei bem porquê... Largava tudo e ia para longe dar outra utilidade à minha vida, ao serviço de quem mais precisa. Estou farta do Ocidente, das nossas certezas e fechamento intelectual. Tenho ânsia do essencial e parece que isso, por cá, está demasiado coberto por camadas e camadas de maquilhagem. Quero sentir os pés na terra quente e dançar com gente que cheira a sal e a sabão.
Continuo a querer ser Mãe mas tenho de arrumar as minhas ideias e o meu coração.