22 setembro 2006

educar para o futuro desconhecido

O tempo passa e tornamo-nos cada vez mais educadores, com cada vez menos paciência para ser educandos. Já não podemos ouvir os comentários, críticas e reparos dos pais (normalmente mais das mães...), mesmo que bem intencionados, que não sabem muito bem como gerir o seu novo papel de pai/mãe de um adulto que já saíu do ninho. Ao mesmo tempo, educamos cães (ou, antes, tentamos. os meus andam impossíveis ultimamente), crianças e jovens (enquanto professores, formadores, catequistas). Enquanto casal, tentamos educar-nos mutuamente para estabelecer limites, para definir prioridades, estabelecer terrenos de convivência pacífica no meio das diferenças e do amor. Andamos muitas vezes aos apalpões, no jogo da tentativa/erro, definindo-nos a nós próprios pela forma como entramos em cada uma destas relações e lidamos com as regras que cada uma delas define.
Tendo consciência disto tudo, não me assusta assim muito antever que terei de educar em breve um novo ser humano. O que me impõe respeito é saber o peso incomparável (bom, comparável apenas ao do pai) que terei na formação desta pessoa que aí vem. Porque o meu filho será uma pessoa autónoma um dia. Começará por depender de nós para tudo, mas depois vai sair para o mundo com os instrumentos que lhe dermos. Será que vou criar um cientista? Será que vou criar um ditador? Será que vou criar um cidadão anónimo que vai limitar-se a viver a sua vida em tranquilidade? A maternidade é mesmo uma arma muito poderosa.

3 comentários:

Leididi disse...

Deve ser assustador...eu acho que nunca vou sentir-me preparada, qnd for vai ser do estilo não pensar muito e dp logo se vê, se não, não sei... :)

Nuno Andrade Ferreira disse...

Tão poderosa como a palavra.

A palvra certa, usada no momento oportuno pode ter efeitos extraordinários.

O contrário pode trazer efeitos desastrosos.

Temos boas práticas, na nossa vida? Então metade do caminho está percorrido.

Anónimo disse...

É inevitável sentir o "peso" - bom ou mau - do poder que é o da 1.ª socialização (... tão técnica...). Queremos fazer tudo bem, não cometer os erros que terão cometido connosco mas, acima de tudo, há a tranquilidade de saber que vamos criar um ser num lar construído com amor, e isso já é muito positivo. O R. diz (numa metáfora cheia de humor) que se o ser em crescimento for drogado, pelo menos que seja traficante e tenha dinheiro para o vício (os homens são muito práticos!).

PS: O A. já tem um dentinho!!!