29 abril 2009

o flagelo dos cabeleireiros

Já me tinha esquecido da principal razão para, desde há uns anos para cá, ter passado a cortar o cabelo a mim mesma. E a fazer-lhe todo o tipo de experiências caseiras que, infelizmente, nem sempre correm como esperado. E a razão é a minha fobia aos cabeleireiros. Venham 20 consultas de dentista e 2 de ginecologista, cabeleireiros é que não.
Tudo começou com os belos cortes de cabelo no início dos anos 90, que me deixavam parecida com o Figo. Não preciso de dizer mais nada sobre isto, pois não? Adiante. Depois, todo o ambiente, em que me sinto permanentemente julgada e avaliada por aqueles espelhos terríveis que nos desenham olheiras até ao umbigo. Mas hoje foi a estocada final: na vã esperança de me livrar dos diferentes tons de castanho/acobreado/dourado que tenho coleccionado ao longo dos anos, pedi para me fazerem umas ligeiras nuances. Li-gei-ras. Agora que olho para trás, e penso nos 45 minutos em que os minhas penas estiveram a assar em químicos descolorantes, creio que "ligeiro" em Espanhol (o peluquero era espanhol) deve significar "louro tipo bimba".
Estou loura tipo bimba. Tenho riscas amarelo-caganita-de-pássaro na cabeça. Tenho alguma vergonha de sair à rua. E não estejam agora à espera que eu volte a pôr os pés num destes estabelecimentos do demo.

28 abril 2009

gralhólogo

gralha: Então, o que é que vais fazer?
gralha: Estou tão dividida, há tantas coisas em jogo...
gralha: Pois é, mas tens de decidir.
gralha: Gostava tanto de finalmente ter um trabalho que realmente importasse para alguém, que fizesse alguma diferença.
gralha: Sim, mas isso implica separar a família.
gralha: Não quero separar a família. Não tenho o direito de fazer isso ao meu filho.
gralha: Mas tu não pediste para ir.
gralha: Mas sempre disse que ia.
gralha: Então vai. Pronto, paciência.
gralha: Nem tenho hipótese, nunca poderia ficar cá sozinha a trabalhar com isenção de horário. Não é essa a mãe que quero ser.
gralha: O teu filho quer que sejas feliz. O teu marido quer que sejas feliz.
gralha: Eu também quero isso para toda a gente. Só é pena que seja impossível ser a melhor mãe do mundo e ter uma verdadeira carreira profissional.
gralha: Pois é, é muito injusto. Mas a vida é assim. E não tens de ser a melhor do mundo.
gralha: Tenho, pois. Já só faltam 4 dias para o Dia da Mãe e eu não estou disposta a perder o título.
gralha: Está bem. Pode ser que surja outra oportunidade assim.
gralha: Outra assim é quase impossível. Mas logo se vê o que a vida ainda tem para me oferecer.

27 abril 2009

inspira... expira...

Hoje tenho de tomar a segunda decisão mais difícil da minha vida.

25 abril 2009

estereótipos ou mitos?

Ouço falar de certos tipos de seres que me causam algum espanto mas que parece que toda a gente - menos eu - encontra por aí. Bem sei que só conheço para aí umas 17 pessoas e saí há pouco de uma gruta escura, mas gostava imenso de conhecer estas criaturas mitológicas, sobre as quais ouço tantas fábulas - na blogosfera, nas conversas de café, nas Tardes da Júlia (imagino eu, recuso-me a admitir que alguma vez vi as Tardes da Júlia).
E quem são estes seres? Alguns exemplos: as mulheres que estão com um homem só pelo dinheiro; os taxistas que não são do Benfica; as mulheres que gostam de verdadeiros machos latinos, a la Zezé Camarinha; já agora, as mulheres que gostam de metrossexuais; os homens que apreciam mesmo é louras burras; as mulheres que andam de mãos dadas com as melhores amigas e oferecem sempre peluches aos namorados; os homens que escrevem lindas cartas de amor. Pronto, os homens que escrevem alguma coisa que se assemelhe a uma carta de amor.
Existem mesmo? É que acho que não conheço ninguém assim.

23 abril 2009

calma aí

Já sei que tenho de admitir perante mim própria que vou viver para os EUA no Outono. Já disse isso a toda a gente. Já paguei a inscrição na nova creche do Gugas (e páginas e páginas do formulário que tive de preencher). Até já mandei uma candidatura a um emprego. Mas é normal que me sinta ligeiramente incomodada pelo facto de desconhecidos andarem a ver a minha casa, a perguntar quando é que está vaga e a tecer considerações acerca de novas cores para as paredes, não é? Aguentem aí os cavalos que ainda hei de trocar de escova-de-dentes antes de dar o fora.

22 abril 2009

onde acaba o critério e começa a esquisitice

Visto que tudo é relativo e que as opiniões que formamos sobre as outras pessoas são sempre baseadas na nossa própria experiência, é um bocado difícil julgar se somos ou não pessoas esquisitas. Quando digo esquisitas, não estou a falar de usar penteados pouco ortodoxos ou de ouvir qualquer tipo de música que não a comercial (senão isto incluía a Inesa, e a Inesa não é uma pessoa esquisita. Pronto, é só um bocadinho). Estou a falar daquelas pessoas que, confrontadas com algo de novo, com uma escolha, com um pedido de opinião, têm tendência a responder: "Hummm... Talvez, mas... Não sei se gosto muito", ou simplesmente: "Gostos não se discutem mas eu acho isso horrível".
O que é mais engraçado é que a maioria dos esquisitos que conheço não se considera esquisito. Eu não me considero esquisita (mas acho que devo ser). Mas aqueles a quem chamei de pouco criteriosos olham para mim com um ar fatalista como se os tivesse acusado de ter começado a II Guerra Mundial.
Ser esquisito é socialmente pouco simpático. Ser pouco criterioso é ser boa onda mas parece que fica mal. Acho isso um disparate porque, sinceramente, deve ser óptimo gostar de qualquer tipo de comida, de música, de cinema. Deve ser bonito ver o mundo como se fosse Verão todos os dias. Se houvesse um comprimido para ser assim, eu tomava (ah, se calhar é isso que faz o Prozac).

21 abril 2009

adeus chucha

A chucha do Gustavo "ficou" no avião quando voltámos da Boa Vista. Desde aí, e até ontem, quando se deita, limita-se a perguntar: "a chuchaaa?". Respondemos que ficou no avião, que ele já é grande, e a criatura afunda nos lençóis com um arzinho entre o triste, o desiludido e o compenetrado. E adormece. De causar uma enxurrada de lágrimas de sangue a qualquer mãe, portanto. Ontem disse apenas: "não há chucha, não há chucha. O Benny (o coelho de peluche) não tem chucha". É muito difícil, caramba.

20 abril 2009

primeiras impressões

É pena que a vida não me tenha demonstrado, até aqui, que há mesmo pessoas que nos surpreendem pela positiva. É pena, mas a experiência tem-me mostrado consistentemente que alguém que me deixou de pé atrás na primeira impressão vai acabar por revelar o porquê desse desconforto. No início, é só alguma coisa que não queremos ver, um cabelo da sopa. Mais tarde ou mais cedo, acabamos por ver toda uma realidade bem cabeluda e pouco simpática. É pena. E isto faz-me pensar que é bonito procurar o melhor em todos mas que o instinto não nos engana.

17 abril 2009

skoob

Finalmente encontrei a rede social que me interessa para alguma coisa. Alguma vez tentaram lembrar-se de todos os livros que já leram e de todos os que ainda vos falta ler? (OK, para 90% da população portuguesa, esta questão não exige o uso de mais do que os dedos das mãos. E dos pés, vá)
O Skoob é amigo e ajuda a fazer isso e muito mais. Até dá para encontrar outros coca-bichinhos que também acham que a página pode ser uma das maiores superfícies de gozo. Horas e horas que vou passar no skoobanço.

Já agora, se alguém conhecer alguma versão que não a brasileira, avisem.

15 abril 2009

boa vista II


Terra pedrícola, de pó e vento. Vista aos saltos de uma estrada esburacada, na caixa aberta de uma pick-up com pneus carecas, onde o Gustavo dormiu docemente a sesta à loucura de uns 40 kms/hora.

14 abril 2009

he's just not that into you

Este filme, ou o livro que lhe deu origem, devia ser obrigatório para todas as meninas com mais de 10 anos e menos de 100. Assim tipo vacina ou óleo de fígado de bacalhau às colheradas. É que não deixa de ser uma xaropadazita, mas diz grandes e duras verdades que precisamos de ouvir.

boa vista I

Quanto mais vou a África, mais africano se torna o meu coração. Infelizmente, de resto, de africana só a bunda.
Mas porquê?, oh por que é que eu tenho de viver acima do Trópico de Câncer?

13 abril 2009

the big three-o

Pronto, não doeu nada. Tive um dia de férias sossegado, que era o que me apetecia. A viagem foi óptima, mas isso conto depois.

04 abril 2009

boa páscoa

Quando esta mensagem for publicada, e se nenhuma gaivota resolver enfiar-se numa turbina do meu avião (lagarto, lagarto, lagarto!), já estarei a sobrevoar o Atlântico. Ah, é verdade, esqueci-me de dizer que vou de férias para Cabo Verde. Vá, podem chamar-me nomes. Adeus, queridinhos, e até ao meu regresso.

vocação V

Além dos episódios naturalistas, também passo por uns quantos episódios humanistas, associados ao sentido religioso do conceito de vocação. Infelizmente - e muito contra aquilo que faz sentido para mim - a minha religião ainda não me permite tomar o sacramento da ordem. É pena, se fosse homem, gostava muito de ser padre. Sendo assim, também teria gostado muitíssimo de ser missionária leiga. Imagino-me a arrastar a família e a filharada toda para onde fizessemos falta, por muito desencantada que esteja com o papel das missões humanitárias nas zonas mais necessitadas. Não deu, pode ser que haja uma outra vida em que isso seja possível.
Mas há outras maneiras de "ensinar a pescar" a quem não tem "peixe". A educação é provavelmente a maior delas. E é por isso, e porque sempre gostei e senti uma grande empatia pelas crianças, que também gostava de ser professora. Pode ser que ainda venha a ser.

03 abril 2009

vocação IV

No meio de todas estas vocações, e sobretudo quando o Inverno aperta e o meu instinto nómada vem ao de cima, surgem aqueles impulsos que me fazem querer largar tudo e viver na Natureza, à custa do esforço físico diário. Horizontes longínquos, animais selvagens (ou nem tanto), o abandono de tudo o que não seja uma vida simples em contacto com o planeta.
Geralmente, estas ideias passam ao fim de 2 ou 3 dias, são uma espécie de virose national-geographicana. Já me deu para ser agricultora, jardineira, bióloga marinha, professora de yoga, guia turística, ou simplesmente viajante. Faltaram-me sempre os legumes para abraçar uma destas artes. Mas pode ser que ainda termine os meus dias numa quintinha a fazer criação de burros. E cabrinhas.

02 abril 2009

vocação III

A seguir, veio a altura de escolher um curso superior. Ora, se há bicho que eu acho engraçado é o bicho gente. Vai daí, e na impossibilidade de estudar Antropologia porque, isso sim, era para viver debaixo da ponte (e uma ponte daquelas em risco de colapso, com o musgo dos pilares a fazer de almofada e ratazanas assadas para o pequeno almoço), lá fui para Sociologia. O curso foi interessante, que foi. A ideia de existir uma ciência que pode ajudar as pessoas a compreenderem-se melhor, a trabalharem melhor, a viverem melhor, é bonita, que é. Mas não há sim-senhor que aguente a esquizofrenia da vida académica em Portugal, pelo menos nas ciências sociais.

Na senda da compreensão e promoção do ser humano, também pus a hipótese de ser historiadora, arqueóloga e assistente social. Se calhar, se houvesse condições para isso no nosso país, seria mesmo assistente social.

01 abril 2009

vocação II

A segunda, entre os 15 e os 18 anos, foi ser jornalista. Parecia lógico, uma vez que aquilo que eu gostava de fazer era meter-me na vida dos outros e escrever, escrever, escrever. Esta vocação não foi avante porque, depois de uma noite em que acordei a achar que o que me chamava era a investigação e não a mera cusquisse, resolvi rasgar a candidatura ao curso de Ciências da Comunicação e fazer uma nova para Sociologia. Mas dessa bela escolha logo falarei noutro post.

De inspiração semelhante ao jornalismo, também já quis abraçar as seguintes profissões: escritora, copywriter, editora, revisora, bibliotecária e tradutora/ intérprete.