30 setembro 2010

entretanto, a cena da austeridade

A vida nos EUA deve mesmo estar a fazer-me uma lavagem neo-liberal ao cérebro. É que antes eu compreendia imediatamente a reacção generalizada às medidas de austeridade do Zé mas agora...
Não tenho emprego - tenho trabalho ocasional através de uma agência de recrutamento. A taxa de desemprego neste Estado é de 9,6%, pouco menos que em Portugal;
As pessoas recebem 11 meses e meio por ano de ordenado (se tirarem as 2 semanas de férias, não pagas, a que têm direito) - e claro que as horas de almoço/pausas não são remuneradas;
Não existe licença de maternidade.
O último exame médico que o Diogo fez custou 1076 dólares (aleluia, aleluia, o seguro cobriu quase tudo)
A creche dos rapazes custa à volta de 2500 dólares por mês;
Não há transportes públicos;
Nem quero sonhar o que nos acontece se temos algum problema judicial porque é óbvio que nunca teríamos como pagar a um advogado;
Ou seja, o Estado Social é uma linda miragem, mais distante do que palmeiras, deserto, camelos e odaliscas. E o pessoal aqui acha isto tudo normal!
De modo que concordo que o Zé não está a ser lá muito fixe, não senhor. Sobretudo, acho que todos os governos insistem em cortar, cortar, quando a meta final de tanto corte é o zero. E o zero não é uma coisa boa excepto na tabela das calorias. Mesmo assim, levantem as mãos para o céu e agradeçam o tanto que damos por garantido aí em Portugal e que não existe em muitos outros sítios, inclusive no chamado mundo civilizado.

3 comentários:

mena disse...

tens toda a razão. esquecemo-nos muitas vezes da sorte que (apesar de tudo) ainda temos

Margarida Atheling disse...

Ups! Até engoli em seco!
2500 dólares de creche?! Não há licença de maternidade?! As férias (duas semanas) não são um deireito pago?!
Pois... e o resto já sabia...

Mal, por mal... antes o que temos por aqui!

Bjos!!!

Gaivota disse...

A prova de que esse mundo é tudo menos civilizado.